Eleito deputado federal, Zacharias Calil vai virar voluntário no Materno Infantil para continuar operando

Ao contrário de seus planos e do que anunciou durante a campanha eleitoral no ano passado, o médico Zacharias Calil (DEM) não poderá continuar exercendo seu cargo de cirurgião-pediátrico no Hospital Materno Infantil (HMI). Eleito o terceiro deputado federal mais votado em Goiás, o democrata descobriu que o regimento interno da Câmara proíbe os parlamentares de exercer qualquer função no Estado.

“Eu não vou poder operar como funcionário do Estado, porque o regimento da Câmara não permite que você, como deputado federal, receba vencimentos de Estado. É proibido”, explica.

Ao receber a notícia, Calil disse que ficou “mal” e até perdeu noites de sono, pois ele terá que pedir afastamento do hospital que trabalha há mais de 30 anos para assumir, no dia 1º de fevereiro, sua cadeira na Câmara dos Deputados.  “É uma coisa que mexe no fundo. Política é um cargo temporário e a medicina não, é ao longo da vida, e isso aí me deixou muito preocupado”.

O médico, que é referência mundial em cirurgias de gêmeos siameses e de outros casos complexos, então tratou de procurar o secretário de Saúde, Ismael Alexandrino Júnior, para buscar uma solução. “Ele me passou que ele vai fazer um contrato de profissional voluntário, já existe essa lei”, disse Calil. “E vou operar totalmente de graça, fora do meu horário de trabalho da Câmara”, ressalta.

Aos 63 anos, Calil também já poderia ter pedido a aposentadoria, mas a paixão pela medicina falou mais alto e ele continuou operando. Agora, como foi eleito e já diplomado deputado federal, terá que esperar até 2022 para se aposentar, já que ele terá que se afastar do cargo durante seu mandato de 4 anos.

Materno Infantil

O médico também falou ao Mais Goiás sobre a crise do HMI. Logo que ficou sabendo que o hospital poderá fechar as portas nesta quinta-feira (3), ele avisou o governador Ronaldo Caiado (DEM), que visitou a unidade ontem à noite.

“O governador viu de perto a necessidade, aquela realidade, a falta de leitos, crianças na UTI internadas aguardando vagas de cirurgia cardíaca, médicos há três meses sem receber. Então ele ficou muito sensibilizado com essa situação, é uma coisa que mexe muito para quem é médico”, conta Calil.

O deputado federal eleito também disse que teve uma “conversa séria” com o governador sobre seu projeto de construção de um hospital pediátrico em Goiânia, que foi sua proposta de campanha. “Ele está disposto mesmo [a ajudar na construção do hospital] , tanto ele como o vice-governador, o senador Wilder morais, todos estão empenhados em relação a isso”, garante.