Em debate, candidatos trocaram acusações e discutiram propostas
Sem mediação ou perguntas de outras pessoas, Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PSB) se enfrentaram por uma hora
Na manhã desta segunda-feira (17), os candidatos a prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PSB) participaram do primeiro debate do segundo turno das eleições, na Rádio Interativa FM. Durante uma hora, os dois se enfrentaram diretamente, sem mediação ou perguntas do público ou de participantes. Cada um fazia uma pergunta e o outro respondia sem direito a réplica.
Acusações como a ligação de Vanderlan com o governador Marconi Perillo (PSDB) nessa eleição, a eleição de Paulo Garcia (PT) em 2012 como candidato de Iris, um possível rombo deixado em 2010 pelo peemedebista nas contas da prefeitura, a diferença de se administrar Senador Canedo e Goiânia, as promessas não cumpridas no transporte coletivo e a renovação da concessão à Saneado dos serviços de água e esgoto na capital por mais 30 anos entraram nos assuntos do debate, que foi o melhor realizado até o momento nas eleições municipais de 2016 em Goiânia.
Iris abriu o debate com pergunta sobre educação, mas Vanderlan iniciou o programa com críticas ao peemedebista pela não implantação das administrações regionais, autorizadas por lei municipal de 2008. Iris se mostrou um pouco mais nervoso do que Vanderlan e estourou o tempo algumas vezes. Os dois tentaram responder todas as perguntas feitas pelos adversários
Como foi o debate
O debate foi aberto com pergunta sobre a melhora no atendimento à educação básica. Mas em seguida, Vanderlan questionou Iris o motivo de ele ter “copiado” a proposta de regionalizar a administração da capital.
“Em 2008 nós enviamos à Câmara de Goiânia a mensagem criando as regionais administrativas de Goiânia. E isso não se instala em uma cidade da dimensão de Goiânia da noite para o dia. Nós estávamos com os estudos praticamente prontos quando veio aquela decisão de deixar a prefeitura para me candidatar ao governo”, respondeu o peemedebista.
Iris completou que Vanderlan também fez o mesmo, ao deixar a Prefeitura de Senador Canedo e se lançar candidato a governador em 2010. “Esta lei, aprovada sobre minha iniciativa, será aplicada sendo eleito no dia 30 de outubro.”
O debate seguiu com pergunta sobre educação de Iris para Vanderlan. Em seu questionamento, o peemedebista disse que encontrou 4 mil e deixou Goiânia com 12 mil crianças matriculadas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) e que hoje já há falta de vagas. “Primeiro eu quero aqui fazer um alerta. As vagas que o senhor deixou foram as vagas que o Estado repassou para a prefeitura, que se não me engano foram 36 CMEIs”, retrucou Vanderlan.
O candidato do PSB disse que Iris não investiu em pólos de desenvolvimento da cidade com o argumento de que essas empresas são poluentes, o que teria feito a arrecadação da cidade cair em 50% e perguntou ao peemedebista qual a proposta dele nessa área. “O candidato se esquece que administrava uma cidade do tamanho de um bairro de Goiânia”, respondeu Iris.
Para o peemedebista, os dois candidatos precisam voltar sete anos para comparar administrações, tanto de Senador Canedo quanto de Goiânia. “Eu não criei pólos industriais em Goiânia porque não é essa a vocação da capital.” Na resposta seguinte, Vanderlan fala em pólos tecnológicos, marcenaria, confecção e outras áreas que precisam ser incentivadas para gerar empregos na cidade. “Ali no Jardim do Cerrado foram entregues só as casas”, disse o pessebista ao afirmar que é preciso garantir que um setor seja concluído com toda a infraestrutura.
SOS Samu
Ao falar sobre saúde, Vanderlan lembrou a Operação SOS Samu, que investiga o secretário municipal de Goiânia, Fernando Machado, do PMDB. “Vem aqui o candidato querer jogar responsabilidade por um secretário ou outro”, criticou Iris, que completou que o secretário de Saúde da gestão dele foi Paulo Rassi, e não Fernando Machado.
A resposta a Iris sobre meio ambiente veio de Vanderlan ao comentar a situação do tratamento de esgoto e água de Goiânia, que hoje não suportaria mais a necessidade da capital. E disse que queria “refrescar a memória” de Iris e mostrar que o PMDB continua na administração do PT, inclusive com secretários no cargo.
“Eu devo a Goiânia porque acreditou em mim. Devo a Goiânia porque me elegeu vereador, me elegeu deputado estadual, me elegeu prefeito”, afirmou Iris o quanto é grato à cidade. Sobre a construção de casas, o peemedebista disse que esse é o primeiro item para dar dignidade a uma pessoa e que fez a melhor administração que o Estado de Goiás já teve. “É a única capital do Brasil que não convive com favela.”
Água e esgoto
Com tempo estourado pela quarta vez, Iris questionou o que Vanderlan fará com relação a “essa negociata” feita por Paulo Garcia (PT) e Marconi Perillo (PSDB) para renovar a concessão de água e esgoto de Goiânia à Saneago por mais 30 anos.
“Se for para assumir a concessão da Saneago, a prefeitura tem que pagar alguns bilhões a título do que foi investido no município”, declarou o candidato do PSB ao dizer que romper o contrato inviabilizaria a administração do próximo prefeito. “O senhor não disse como vai pagar esses bilhões de reais que têm que pagar.”
Vanderlan perguntou a Iris se ele se sentia culpado por inviabilizar a prefeitura ao deixar um rombo de R$ 200 milhões. O peemedebista disse que isso é conversa e que saiu da prefeitura quando ela tinha R$ 176 milhões em caixa. “O Estado devia R$ 91 bilhões, nos negociamos e eles pagaram R$ 21 bilhões. Agora vem com essa ação na Justiça para protelar.” Iris completou com a afirmação de que nunca houve administração em Goiânia e no Estado mais limpa do que as dele.
Segundo bloco
O bloco começa com Iris perdendo o tempo para concluir sua pergunta sobre segurança pública. “Eu como prefeito não vou fugir da minha responsabilidade de liderar e buscar as parecerias”, disse Vanderlan. Na proposta do pessebista, é preciso chamar a população, a Polícia Militar e as forças policiais do Estado e de Goiânia, para que se tenha mais de 4 mil homens nesse trabalho.
Vanderlan defendeu o investimento na geração de emprego e renda, infraestrutura, iluminação pública e educação como forma de melhorar a segurança da cidade. Ele voltou a citar que antes de sua administração, Senador Canedo tinha o apelido de Senador Faz Medo.
Ataques
Em seguida Vanderlan disse que as campanhas de Iris saíram das páginas políticas e foi parar nas páginas policiais ao adotar a baixaria como tom de sua propaganda eleitoral de rádio e TV. “A magistrada cometeu equívocos, tanto é que em segunda instância aquela decisão foi suspensa”, respondeu Iris.
“Aquele boletim que a coligação soltou, inclusive com CNPJ, foi justamente para colocar as coisas em ordem. O candidato Vanderlan estava se comportando como aquele que casa com a rica e quer levar vida de solteiro. Vossa Excelência se juntou ao governo para pegar a força do governo e ficou escondendo o governador que está super desgastado perante a opinião pública.” Para Iris, a vida do homem público não pode ter nada encoberta, tem que ser sempre aberta à população.
Em seguida, Iris perguntou o motivo de Vanderlan esconder o governador. “Eu acho que o senhor está em campanha para governador. Eu sugiro ao senhor que traga aos debates o seu vice, que é quem vai assumir caso o senhor saia do cargo”, respondeu o pessebista. “Eu estaria mentindo se eu falasse desses projetos nossos sem a participação do governo do Estado.”
Vanderlan critica o nervosismo demonstrado por Iris no debate e a “forma raivosa implantada em Goiânia”. “O senhor fez muito pelo Estado, nós reconhecemos. Mas em Goiânia o senhor não construiu um hospital. O senhor praticamente detonou Goiânia ao praticar essa forma raivosa e só começou a acontecer alguma coisa quando o prefeito Paulo Garcia rompeu com o senhor.”
Transporte coletivo
Vanderlan questionou Iris se ele crê que o povo vai acreditar “na mesma ladainha” de que iria resolver o problema do transporte coletivo em seis meses, que segundo o candidato do PSB não foi resolvido. Iris respondeu que em seis meses colocou 1,2 mil ônibus novos, alguns acessíveis e outros com ar condicionado e que não houve uma queixa ao sistema de transporte público da capital na sua gestão.
Iris citou que asfaltou 134 bairros e isentou os moradores da taxa de asfalto. “Dinheiro estava sobrando”, afirmou o peemedebista. “O povo sabe que eu administro bem, que eu tenho competência, que nada na minha mão fracassa”, observou o candidato do PMDB.
Vanderlan, ao ser questionado sobre o trânsito da capital, pergunta ao ouvinte se alguém já andou em ônibus com ar condicionado nas gestões de Iris. “Através dos nossos pólos de desenvolvimento, nós vamos firmar as pessoas nas oito regionais que nós estamos propondo. Com a economia sendo punjante, nós já vamos diminuir a superlotação dos ônibus em 30%, assim com o trânsito.”
Vanderlan defendeu que quem tem que construir terminais é a prefeitura, que também precisa fiscalizar e implementar área de shopping e comércio nesses locais. O candidato do PSB defendeu aumentar a linha de corredores exclusivos, mas pelo lado esquerdo das vias.
Patrimônio
O pessebista disse que começou a vida como engraxate até ter sucesso na vida como empresário, e questionou de onde veio o patrimônio de Iris. “Quando fui cassado pela Ditadura Militar, eu fui advogar e todo o meu patrimônio é fruto desse trabalho”, respondeu Iris. O peemedebista afirmou que o Ministério Público fez uma devassa em sua vida e nenhuma ilegalidade foi encontrada.
Iris lembrou que Goiânia passou de cinco parques para 25 em sua gestão. Em seguida, disse a Vanderlan que aquele era “o momento da verdade” e volta no assunto Saneago. “Nós vamos propor que Goiânia tenha participação nas receitas da Saneago”, afirmou o pessebista.
“Enquanto o senhor não chegar ao governo do Estado para vingar a derrota de 1998 o senhor não vai ficar tranquilo”, criticou Vanderlan. O candidato termina sua resposta com a lembrança de que Iris acabou com o programa Cidadão 2000.
“Candidato, eu não minto não. Eu mandei o relatório do Ministério Público para a revista, que por seis anos investigou a minha vida e a do meu pai depois de uma denúncia do atual governador”, voltou no assunto Iris.
Saída da prefeitura
“Eu errei, eu errei, quando atendi ao pedido do partido para sair da prefeitura para ser candidato a governador. Eu não tinha como imaginar que ele era tão incompetente (Paulo Garcia).” A resposta veio de Iris ao ser questionado sobre a má gestão colocada pelo peemedebista no lugar dele em 2010.
Iris disse que a coisa desandou quando a prefeitura mudou a equipe que ele deixou por outra que não soube administrar bem a cidade. “Nunca deixei de cumprir com a minha palavra. Eu vou cumprir o mandato até o último dia”, declarou o candidato do PMDB.
“Na minha reeleição eu não fiz o compromisso com o povo de Senador Canedo de ficar até o final do mandato. Eu fiz 1.215 obras, viu, candidato, em Senador Canedo”, observou Vanderlan. E ao se despedir dos ouvintes, o pessebista disse que Goiânia precisa recuperar o tempo perdido com gestão e planejamento, que é o que ele afirmou saber fazer bem.
Já Iris agradeceu pela oportunidade de mostrar quem são os candidatos ao eleitor. “Eu sou candidato porque amo essa cidade, eu sou candidato porque conheço essa cidade de ponta a ponta. Eu acompanhei o seu desenvolvimento, eu sei o que Goiânia está sofrendo.”