Empresa de aviação dos políticos goianos atua irregularmente
Entre os clientes estão os pré-candidatos às eleições de 2018 Lúcia Vânia, Daniel Vilela e o deputado federal Marcos Abrão
A empresa Globo Aviação, que atua com aviões sem liberação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), pertence a uma tradicional família de políticos goianos. Segundo reportagem do The Intercep Brasil, as proprietárias são Flávia Azeredo Coutinho Abrão Siqueira e Alessandra Azeredo Coutinho Abrão, filhas do ex-deputado federal Pedro Abrão Júnior. Além delas, são donos outros parlamentares,senadores e deputados, da mesma família.
Para ganhar público, a empresa cobra valores até 50% mais baratos do que o mercado. Os aviões que circulam não poderiam ser alugados para transportar passageiros por estarem em situação irregular junto à Anac. Isso significa que nem as aeronaves, nem os pilotos, passam por fiscalização periódica.
Ainda de acordo com a publicação, a senadora Lúcia Vânia (PSB), pré-candidata ao Senado Federal, já contratou a empresa pelo menos oito vezes, apenas em 2017. Os valores pagos chegam a R$70 mil. Em uma foto, postada nas redes sociais da senadora, aparece ao fundo uma aeronave. Segundo o prefixo, ela está registrada como “serviços aéreos privados”, da Globo. A foto foi feita no aeroporto de Porangatu, e postada em 1º de julho de 2017.
O pré-candidato ao Governo de Goiás, Daniel Vilela (MDB), também é cliente da Globo Aviações. Em agosto do ano passado ele gastou R$37.455 com a empresa. Uma das aeronaves com as quais ele voou está com a inspeção anual vencida e não tem permissão para voar, pois esteve envolvida em um acidente.
O deputado federal Marcos Abrão (PPS) é sobrinho de Lúcia Vânia e de Pedro Abrão. Ele pagou R$8.800 pelo trajeto entre três cidades. Todos esses gastos foram pagos com dinheiro público, o que consta na prestação de contas da senadora. As notas fiscais dos voos ilegais estavam anexadas às prestações de contas online dos parlamentares, divulgada pela Câmara dos Deputados.
Respostas
Lúcia Vânia afirmou, ao Jornal Opção, que desconhece irregularidades no funcionamento da empresa. Já Marcos e Daniel afirmaram que a escolha da Globo Aviação foi apenas por ser a mais barata do mercado.
A Globo Aviação, em resposta ao The Intercept Brasil, não comentou se realmente faz a venda de aeronaves particulares como táxi-aéreo. A empresa apenas disse que não teve acesso às notas fiscais, e “desconhece o teor da matéria e de sua intenção”.
Após a publicação da reportagem no The Intercept Brasil, a Anac informou que empresa já foi denunciada anteriormente por prática de táxi-aéreo ilegal e, por isso, está sob investigação. Segundo a Agência, o “piloto e o operador das aeronaves poderão ser multados e terem os certificados cassados, podendo haver também a suspensão cautelar da aeronave e da tripulação envolvida”.