Empresários goianos preparam ofensiva contra PEC que reduz jornada de trabalho: “inadmissível”
Setor produtivo em Goiás é "unânime" em considerar a PEC prejudicial
Líderes do setor produtivo em Goiás consideram a proposta de redução da jornada de trabalho de seis dias para quatro como “inadmissível”, e acreditam que a medida poderia aumentar os custos operacionais das empresas levando ao fechamento de pequenos negócios, com impacto direto na geração de empregos. Para representantes da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO) e do Sistema OCB-GO (Organização das Cooperativas Brasileiras), o texto pode levar o país ao caos.
O assunto, contudo, deverá ser levado a todas as entidades do Fórum Empresarial para uma nota conjunta contestando a PEC de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Ontem (13), o projeto conseguiu o número mínimo de assinaturas para iniciar sua tramitação no Congresso Nacional. O setor produtivo vai avaliar o andamento do texto para traçar as estratégias políticas que serão adotadas nas próximas semanas.
Contudo, para Marcelo Baiocchi, presidente da Fecomércio-GO, a PEC representa um risco à produtividade e à sustentabilidade econômica, especialmente para pequenas e microempresas, que poderiam enfrentar dificuldades financeiras e até mesmo encerrar atividades. “Reduzir dias e horas trabalhadas trará prejuízo enorme à economia. Ou o custo dos produtos e serviços será repassado ao consumidor, ou muitas pequenas empresas não suportarão e terão de fechar, gerando desemprego,” afirmou Baiocchi ao Mais Goiás.
Ele ressaltou que a flexibilização das negociações entre trabalhador e empregador, como permite a CLT, é suficiente para ajustar as necessidades de cada categoria sem comprometer a geração de empregos. “A proposta ignora o que já é amplamente discutido e negociado em convenções coletivas, que atendem melhor a cada setor,” completou.
Compartilhando da mesma visão, Luiz Alberto Pereira, presidente do Sistema OCB-GO, também considerou a proposta problemática, enfatizando que a medida pode elevar os custos operacionais das empresas e, em consequência, dos produtos finais. “Ao invés de beneficiar os trabalhadores, essa mudança provocará demissões e aumento de custos, que serão repassados ao consumidor,” pontuou Pereira.
Ele sugeriu que o caminho para melhorar as condições dos trabalhadores passa pela qualificação e flexibilização, e não pela redução de carga horária. Segundo Pereira, o Sistema OCB-GO acompanha estudos conduzidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para avaliar os impactos econômicos da proposta. “Nosso setor, junto ao fórum empresarial de Goiás, manifestará uma opinião conjunta contra a medida, visando preservar a sustentabilidade das empresas e os empregos,” finalizou.