Empresários ligados ao MBL são presos por lavagem de dinheiro, diz MP
Operação, realizada em conjunto pelo MP e Receita Federal, prendeu Alessander Mônaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso, investigados por lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio
A Polícia Civil de São Paulo prendeu na manhã desta sexta-feira (10) dois empresários ligados ao Movimento Brasil Livre (MBL) por suspeita de envolvimento no desvio de mais de R$ 400 milhões, segundo informações do Ministério Público Estadual.
A operação, realizada em conjunto pelo MP e Receita Federal, prendeu Alessander Mônaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso, investigados por lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
“As evidências já obtidas indicam que estes envolvidos, entre outros, construíram efetiva blindagem patrimonial composta por um número significativo de pessoas jurídicas, tornando o fluxo de recursos extremamente difícil de ser rastreado, inclusive utilizando-se de criptoativos e interpostas pessoas”, afirma o MP em nota.
As buscas incluíram a sede do MBL, organização política brasileira que ganhou notoriedade após os protestos de 2013, o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, a quem apoiou até o ano passado.
A operação foi batizada de Juno Moneta, em referência a um antigo templo romano onde eram cunhadas as moedas na antiguidade.
Procurado pelo UOL, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) confirmou a busca e apreensão na sede do grupo, mas negou que os detidos sejam membros do MBL.
“Alessander Monaco Ferreira e Carlos Augusto de Moraes Afonso não são integrantes e sequer fazem parte dos quadros do MBL. Ambos nunca foram membros do movimento. Uma notícia veiculada de maneira errônea por um portal criou tal confusão”, diz o deputado.
Segundo a Gedec (Grupo Especial de Repressão a Delitos Econômico), do MP, os homens integram o MBL, embora a operação “se refira a um crime econômico e não político”.
As suspeitas
Ainda segundo o MP, o MBL e o MRL recebiam “doações de forma suspeita” por meio de “cifras ocultas”. O esquema seria por meio da plataforma Google Pagamentos “que desconta 30% do valor ao invés de doações diretas na conta do MBL/MRL”, cuja ligação foi classificada de “confusão jurídica empresarial”.
O esquema utilizaria “diversas empresas em incontáveis outras irregularidades, especialmente fiscais”.
A família Ferreira dos Santos, criadora do MBL, adquiriu/criou duas dezenas de empresas – que hoje se encontram – todas – inoperantes e, somente em relação ao Fisco Federal, devem tributos, já inscritos em dívida ativa da União, cujos montantes atingem cerca de R$ 400 milhões
MP de São Paulo
Os detidos
Carlos Augusto de Moraes Afonso era conhecido nas redes sociais como Luciano Ayan. Segundo o MP, ele “ameaça aqueles que questionam as finanças do MBL, dissemina Fake News”, criou ou é sócio de “ao menos 4 empresas de fachada” com “indícios de movimentação financeira incompatível perante o fisco federal”.
Já Alessander Monaco Ferreira teria realizado “doações altamente suspeitas através da plataforma Google” e criou ao menos “duas empresas de fachada”.
“Viajou mais de 50 vezes para Brasília” em dois anos “com objetivos não especificados” no Ministério da Educação.
“Ele solicitou emprego e foi contratado pelo Governo do Estado de SP para trabalhar CADA – Comissão de Avaliação de Documentos e Acesso da Imprensa Oficial do Estado – e justamente um cargo que tem função de gerenciar tarefas de eliminação de documentos públicos, de informações relativas ao recolhimento de documentos de guarda permanente, produzidos pela Administração Pública”, diz o MP.
O Departamento de Operações Policiais Estratégicas da Polícia Civil enviou 35 policiais civis e 16 viaturas para cumprir seis mandados de busca e apreensão e as duas prisões na capital paulista e em Bragança Paulista.