Enfermeiros vão à Câmara de Goiânia para manter carga horária e empregos no Hugol
Segundo profissionais da Saúde, OS gestora do Hospital pretende alterar jornada para 44h semanais e demitir 76 trabalhadores de UTIs
Enfermeiros, técnicos e auxiliares foram à Câmara Municipal de Goiânia protestar contra a Associação Goiana de Integralização e Reabilitação (Agir), Organização Social (OS) gestora do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Segundo os profissionais, a instituição quer demitir 76 trabalhadores de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), além de aumentar a carga horária de atuação.
A enfermeira Alessandra da Silva Carvalho Pacheco afirmou que o Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Goiás (Sieg), por meio de acordo coletivo com o Hugol, manteve as 30h semanais de jornada de trabalho, no começo deste ano. Porém, nesta semana, foi informado, por um documento, que seria alterada para 44h (escala de 12h por 36h). E mais: quem não aceitasse seria demitido. “E ontem eles avisaram que, mesmo quem concordou, poderia ser mandado embora. Caiu por terra o acordo coletivo.”
Segundo a profissional da saúde, 76 serão dispensados, de cerca de 300 enfermeiros, técnicos e auxiliares que trabalham nas UTIs de queimados, C, E, F e Neo. Para substituí-los: terceirizados na carga horária de 44h e com salários mais baixos. “Mas a ideia é trocar todos até o ano que vem. É uma incerteza.”
Demanda na Câmara
Alessandra afirma que a ida à Câmara teve como objetivo pedir aos vereadores a aprovação de uma lei municipal que garanta as 30h – que já existe e passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Essa lei, inclusive, evitaria as demissões. 100 municípios em dez Estados já conseguiram.”
Participaram da discussão o presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Manoel Carlos Neri da Silva e o vereador Tiãozinho Porto (Pros), que é o autor do projeto de lei, além de outros. Segundo o parlamentar do Pros, a matéria vai beneficiar profissionais que atuem em qualquer hospital da capital.
“E na semana que vem vamos nos reunir com os sindicatos para mostrar a importância das 30h. Com esse horário, na verdade, se ganha: mais vida e saúde para os enfermeiros, que estão doentes de tanto trabalhar”, afirmou.
O projeto deve ir a plenário nas próximas semanas e, se aprovado, vai para a Comissão de Saúde da Casa para, então, retornar à tribuna. “Pode levar até 60 dias.” Mais uma vez, vale lembrar que, conforme os profissionais da saúde, as mudanças já podem ocorrer no dia 1º de dezembro.
Agir
A Agir foi procurada pelo Mais Goiás e, por meio de nota, informou que o Hugol, “unidade da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES), está realizando a contratação de empresas especializadas para a execução de alguns serviços, nos moldes do que o hospital já possui em algumas atividades assistenciais e de apoio. O foco dessa transição é a entrega de atendimentos com ainda mais qualidade e segurança para os pacientes, prezando pela racionalidade do uso dos recursos”.