Escala 6×1: presidente do Sinpol-GO alerta para “pandemia de doenças mentais”
Renato Rick lamenta a resistência "ideológica" que a PEC enfrenta
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol-GO), Renato Rick, avalia que a proposta de redução da jornada de trabalho para quatro dias semanais e o fim da escala 6×1 representa uma oportunidade para modernizar as relações de trabalho e alinhar o Brasil a países desenvolvidos, além de evitar uma “pandemia de doenças mentais”. O assunto tem gerado debate entre o setor produtivo e segmentos ligados aos trabalhadores.
Em entrevista ao Mais Goiás, ele lamentou a resistência “ideológica” que a PEC enfrenta e disse que isso pode retardar avanços no País. “Enquanto outros países já estão discutindo o modelo 4×3, estamos ainda presos ao 6×1 que, em muitos locais, já é obsoleto”, afirmou. Na última quarta-feira (13), a PEC conseguiu o número mínimo de assinaturas para ser debatida no Congresso Nacional.
Rick compartilhou sua experiência na Inglaterra, onde a jornada de trabalho já adota o modelo 5×2 e ressaltou os benefícios para o trabalhador. Ele defende que o atual regime brasileiro, de seis dias de trabalho e um de descanso, afeta negativamente a saúde física e mental dos trabalhadores. Para ele, é fundamental o debate para evitar uma “pandemia de doenças mentais”.
“A escala 6×1 é extremamente prejudicial para o trabalhador. Nós estamos há décadas debatendo a questão da necessidade de se empenhar para a saúde física e mental dos trabalhadores. Uma pandemia de saúde mental, de doenças mentais, que não atinge apenas os policiais civis, acaba atingindo com grande gravidade os operadores de segurança pública do Brasil, mas atinge a todos os segmentos de trabalho”, destacou.
Para Renato, a redução da jornada poderia beneficiar não apenas os trabalhadores, mas também os empresários, uma vez que empregados com maior bem-estar tendem a ser mais produtivos. Ele sugeriu que o Estado desempenhe um papel crucial, oferecendo incentivos fiscais e desoneração tributária para as empresas, permitindo que os empresários invistam na qualidade de vida dos seus funcionários sem comprometer suas margens.
“O Estado deveria buscar uma reforma tributária que alivie a carga para quem paga corretamente e combata a sonegação, possibilitando uma economia mais justa e produtiva,” argumentou Rick.