Esposas de presos de Planaltina pedem dignidade para detentos, na Alego
As esposas (e outros parentes) dos presos do presídio de Planaltina estiveram no plenário da…
As esposas (e outros parentes) dos presos do presídio de Planaltina estiveram no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) para pedir dignidade aos internos. Na galeria da Casa, elas gritavam palavras de ordem e encontraram, na voz do deputado Karlos Cabral (PDT), um tradutor. O pedetista utilizou o momento de discussão de matéria para transmitir as demandas das presentes. “Podem me falar que eu dou voz a vocês.”
Na galeria, estavam mulheres com faixas que denunciavam “presos passando fome e sendo maltratados”, “filhos não reconhecem mães”, “pela dignidade da pessoa humana” e “outras”. Elas representavam internos do presídio de Planaltina. Segundo transmitido, via Karlos Cabral, os maridos das presentes tinham sido transferidos sem ordem judicial e não estão tendo dignidade.
“Sofrendo tortura, não tem escova de dente, pasta, sabonete, filhos não podem abraçar os pais, vivendo situação desumana, as visitas do parlatório têm sido gravadas, a água não tem condição de ser utilizada, progressão de pena não está sendo cumprida, remissão de pena”, ditou o pedetista, enquanto lhe eram repassadas as denúncias da galeria. Além, disso as presentes afirmaram que os agentes têm falado palavras de baixo calão no local, inclusive para crianças que vão visitar os internos.
Em novembro, o assunto foi tema de matérias publicadas no Mais Goiás. Uma advogada que atua na área criminal e representa os presos fez uma denúncia das condições enfrentadas por eles. Como forma de protesto, os internos estão em greve de fome, não saíam para o banho de sol diário, tampouco para atendimento com advogados. Nove dias depois, nova denúncia foi feita. Dessa vez por uma representante da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) responsável por realizar vistoria no presídio de segurança máxima no Entorno do Distrito Federal (DF). Segundo ela, uma transferência de presos para o presídio de Planaltina e para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia foi feita sem ordem judicial.
Na tarde desta terça-feira (3), Karlos Cabral disse, ainda, que as esposas têm todo o direito de se manifestar e que os parlamentares farão o que puder para ajudar. Cláudio Meirelles (PTC), pediu a palavra e apontou que lá é um presídio de segurança máxima e que o prédio, quando inaugurado, ainda não estava pronto. E mais: no local tem presos que ainda nem foram julgados.
https://www.emaisgoias.com.br/detentos-de-presidios-goianos-reivindicam-melhores-condicoes/
Críticas e auxílio
Paulo Trabalho (PSL), por sua vez, disse que os presos estão lá porque cometeram crimes. O deputado ainda declarou que, “se eles não matassem, roubassem e estuprassem” não passariam pela atual situação. O parlamentear deu a entender que não seria verdade as alegações feitas pelas mulheres.
A fala do parlamentar reverberou pela galeria e houve diversos protestos por parte das presentes. Posteriormente, o deputado Alysson Lima (Republicano) se dispôs a receber as manifestantes, para discutir as denúncias.
Em nota, a Diretoria–Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informu que as normas de rotinas de segurança penitenciária implantadas na Unidade Prisional Especial de Planaltina de Goiás seguem padrão de presídios federais de segurança máxima do País, com regras compatíveis a esse modelo. Além disso, a DGAP afirmou que todas as necessidades da população carcerária estão sendo atendidas, conforme a lei.
“A instituição reitera que denúncias ou manifestações diversas de familiares de presos ou de advogados de defesa e da sociedade em geral devem ser apresentadas oficialmente à instituição, protocolizadas ou via Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública, pelo número (62) 3201-1212, para que este órgão tenha conhecimento oficial, tome as devidas providências e encaminhe as respostas às partes interessadas.”
*Atualizada às 18:58