RIO GRANDE DO SUL

Estagiária acusa vereador de Porto Alegre de importunação sexual

Uma estagiária da Câmara de Vereadores de Porto Alegre registrou um boletim de ocorrência contra…

Uma estagiária da Câmara de Vereadores de Porto Alegre registrou um boletim de ocorrência contra o vereador Leonel Radde (PT) por importunação sexual nesta segunda-feira. Franciele Silva, de 25 anos, é militante de extrema-direita e trabalha na Casa há duas semanas por indicação de Alexandre Bobadra (PL), que teve o mandato cassado no final do mês de junho por ter se beneficiado diretamente pelos meios de comunicação. O vereador também prestou queixa contra ela e pediu que o processo fosse transferido para a Delegacia de Atendimento à Mulher, o que já ocorreu, de acordo com a Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Em entrevista ao jornal O Globo, ele confessou que, caso tivesse esse tipo de comportamento que “repudia”, Franciele não seria a escolha.

— Fiz uma série de medidas como a Casa de Recolhimento a mulher vítima de estupro e distribuição de absorvente para as mais vulneráveis. Se eu fosse um tarado, não optaria por ela. Já tivemos muitos atritos — afirmou à reportagem.

O caso ocorreu nesta segunda-feira durante a recepção das doulas, assistentes de parto, na Casa. De acordo com o petista, ele estava no gabinete quando escutou que seria a hora de tirar foto com as homenageadas e correu em direção ao plenário. A estagiária alega que, neste momento, ele segurou seu quadril com as duas mãos e que a vereadora Mari Pimentel (Novo) percebeu a aproximação. Procurada, Pimentel não se manifestou. Por ser da Procuradoria da Mulher, segundo Radde, seria uma peça importante para a narrativa “completamente sem nexo” de Franciele.

— Ela registrou o BO logo depois da minha fala sobre Marcelo Arruda (militante que foi morto no último sábado por um bolsonarista). Em seguida, questionei o fato de Bobadra ter presidido uma sessão estando cassado. Eu corri pelo corredor entre dez pessoas, foram quinze segundos. Pedi licença como se estivesse em um ônibus lotado — explicou.

Nas redes sociais, Franciele Silva se intitula como conservadora, antifeminista e pró-vida. Em post fixado, ela posa com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ela também frequenta manifestações pró-governo e usa hashtags que endossam a vitória de Bolsonaro no pleito de outubro. O petista diz que os dois já tiveram embates em pelo menos duas ocasiões: quando Franciele liderou a invasão à Câmara como parte do movimento antivacina em outubro do ano passado e em um debate sobre as urnas eletrônicas.

Radde, que é pré-candidato a deputado estadual, diz ter tomado conhecimento da acusação pelas redes sociais quando, poucos minutos após o registro, portais bolsonaristas passaram a divulgar a denúncia. Franciele registrou na 1ª Delegacia de Polícia, DRPA, mas o caso foi transferido para 1ª Delegacia de Polícia

Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) da Capital. Ao jornal O Globo, a Delegada titular, Cristiane Pires Ramos, confirmou que recebeu o registro na manhã desta terça-feira, quando o inquérito foi instaurado.

— Solicitamos as câmeras da Câmara dos Deputados, mas ainda não recebemos. Intimaremos a vítima para comparecer a delegacia nesta quarta-feira para dar mais detalhes e, em um segundo momento, chamaremos o vereador. Estamos no inicio da investigação — explicou Cristiane Pires Ramos.

Também nesta segunda-feira, o petista prestou queixa contra a militante. No registro, Leonel Radde descreve a estagiária como “suspeita”. O vereador chegou a publicar a história no Twitter e no Instagram, onde declarou “fascistas não passarão”. No vídeo da transmissão, o momento em que teria ocorrido a aproximação dos dois não foi filmado.

A reportagem procurou Franciele Silva, mas até a data desta publicação, ela não retornou as tentativas de contato. O espaço permanece aberto para que ela possa contar seu lado da história.