ENTREVISTA

“Estou intensificando meu trabalho em Goiânia”, diz Vanderlan sobre pré-candidatura

Senador cita problemas do município para destacar motivação em emplacar pré-candidatura

Presidente do PSD em Goiás e um dos principais nomes para a disputa da Prefeitura de Goiânia nas eleições municipais que se avizinham, o senador Vanderlan Cardoso reitera aquilo que já havia dito em entrevista Mais Goiás no mês de setembro: o lançamento de sua pré-candidatura será definido até março deste ano, mas que, em momento algum pensou em abrir mão da vaga majoritária na disputa.

“O PSD em Goiânia tem tradição de lançar candidatura e nós vamos ter candidatura. Estou intensificando meu trabalho em Goiânia”, destaca em nova entrevista exclusiva ao portal Mais Goiás. “Como um partido que está competitivo em pesquisas vai abrir mão do nome? Tem que participar do jogo!”

Vanderlan também busca aparar algumas arestas recentes que teve com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e diz que o diálogo com o presidente do UB não está esgotado. “Caiado diz que vai começar a conversar sobre Goiânia a partir de fevereiro e sua decisão será lá pra frente. Vai chegar o momento em que nós como presidentes de partidos, vamos conversar sobre as eleições”, destaca.

O senador também destacou ter um “diálogo civilizatório” com o PT, mas que não há nada além disso. E repete: não há conversas para abrir mão do posto para apoiar a pré-candidata deputada federal Adriana Accorsi. “Não há questão de abrir mão de candidatura, isso não existe e nunca existiu. Primeiro que o PSD não fica refém só do meu nome. Se não for eu, terá candidato. Isso está definido. É tradição do PSD lançar candidato em Goiânia”, destaca.

Leia a entrevista na íntegra com o senador da República, Vanderlan Cardoso:

Domingos Ketelbey: Qual o cronograma da construção da candidatura do PSD ao Paço Municipal? O partido já está fechado com o seu nome?

Vanderlan Cardoso: Nós estamos fazendo tudo com muita calma. Não estamos atravessando nada até porque pela experiência que nós tivemos. Em 2020, lançamos o nosso nome às vésperas e por um convite do governador. Eu não era candidato. Com a experiência a gente vai vendo o momento certo. Não depende só de mim querer. Estou numa Comissão [de Assuntos Econômicos, no Senado Federal] que eu tenho que ter responsabilidade com o país. Estamos numa fase de reestruturação do partido, tenho que me dedicar nesse sentido.

O senhor me disse numa entrevista que março seria um mês definidor para sua pré-candidatura e reforçou isso recentemente. Até março tudo já estará definido?

Vanderlan Cardoso: A partir de março temos uma decisão tranquila. O que podemos fazer, saber se é viável. As pesquisas indicam que meu nome é viável porque já disputei duas eleições seguidas. A última, inclusive, foi traumática. O eleitor sempre vai lembrar das nossas propostas. O que fizemos, o que foi implantado, o que acontece com Goiânia. Tudo que nós falamos está acontecendo.

O senhor fala que foi traumática por conta do contexto da pandemia e da internação de Maguito Vilela, seu principal concorrente?

Vanderlan Cardoso: Isso, o Maguito era um amigo. Tudo que falávamos, as pessoas deturpam, editavam… Foi traumático aquela eleição. Uma coisa é disputar eleição contra um adversário que você respeita, outra é disputa contra um amigo. Estavamos numa eleição juntos em 2018. Em 2018, eu peguei na mão do Maguito e do Daniel e andamos esse estado inteiro. Em 2020, acabou acontecendo de estarmos em lados opostos. Isso faz parte da política.

Mas há um consenso em torno do seu nome dentro do partido para a disputa?

Vanderlan Cardoso: É uma decisão que eu vou tomar agora, retornando do recesso para tomar uma decisão que seja importante para o partido. O PSD em Goiânia tem tradição de lançar candidatura e nós vamos ter candidatura. Estou intensificando meu trabalho em Goiânia. Eu tenho uma estratégia em Goiânia de trabalhar com entidades filantrópicas, áreas de saúde… Estamos intensificando todo o trabalho na região metropolitana que reflete em Goiânia. Vai ser uma decisão que vou tomar.

Há estímulos dos aliados que querem que o senhor anuncie logo o projeto…

Vanderlan Cardoso: Tudo está caminhando para que eu seja o candidato em Goiânia. Bater o martelo mesmo como em toda eleição será feito lá na frente. Com exceção da Adriana, em que o partido já definiu o nome dela, não há definição em outros grupos. O partido do governador mesmo tem nomes, mas não está definido. O próprio já disse que começa a discussão em fevereiro e a decisão será tomada lá na frente. E ele está certo. Quem é que vai viabilizar? Uma coisa é o cenário hoje, outra coisa é o cenário daqui para frente. Como eu já participei de algumas eleições, por exemplo, minha candidatura ao Senado foi decida no dia da convenção. Eu tive 30 dias de campanha ao Senado. Cada eleição tem sua história. 

Os diálogos com o governador Ronaldo Caiado já esgotaram? 

Vanderlan Cardoso: Não, nem começou. Não é nem a questão de sair candidato ou não pela base. O governador é presidente do partido e chefe do executivo do estado. Ele com certeza, como tem aliança com o MDB, vai querer ter um candidato em Goiânia. Isso não impede de termos um diálogo. O PSD tem um diálogo muito bom com todos os partidos da base governista em vários lugares do estado. Cada município tem sua realidade. Agora, Goiânia, por decisão, eu não disse hora alguma que está definido. O governador vai começar a conversar sobre Goiânia a partir de fevereiro e sua decisão será lá pra frente. Vai chegar o momento em que nós como presidentes de partidos, vamos conversar no momento certo.

Mas digo no sentido de ambos caminharem juntos no pleito, como em 2020…

Vanderlan Cardoso: Tudo depende do diálogo. Eu tenho um bom diálogo com o governador. Trabalhamos juntos na reforma, no refinanciamento da dívida do estado. Tanto eu, como o Ismael Alexandrino ajudamos muito o governador. Não tenho problema algum com o governador. Nada. Você não vê o governador falar mal do senador. Agora, ele como presidente do partido não pode falar que o União Brasil não vai ter pré-candidato em Goiânia. Ele diz em entrevistas que quer ter candidaturas nos 246 município se pudesse. Dá? Não tem jeito. Vamos avaliar cada situação e decidir. A conversa minha com o governador tem sido mais em torno da reforma tributária que foi um debate que rendeu muita angústia. Esse ano em algum momento, vamos sentar para conversar. Pelo que sei não há uma trava de que não se conversa sobre eleições em Goiânia. Em momento algum, o governador manifestou desejo de não conversar comigo sobre Goiânia.

E o diálogo com o PT?

Vanderlan Cardoso: O PT tem várias parcerias que se desenha com o PSD pelo Brasil. Em Goiás, o PT tem uma candidata definida que eu respeito e já disputei duas eleições contra ela e ela me procurou para conversar. Domingos, quem pode ser candidato em Goiânia que pode ir para o segundo turno? É eu e ela. Um recuo muda todo o cenário a depender das articulações. 

Mas há uma articulação em curso para que o PSD caminhe junto com o PT?

Vanderlan Cardoso: A conversa com o PT é de diálogo civilizatório. Não há questão de abrir mão de candidatura, isso não existe e nunca existiu. Primeiro que o PSD não fica refém só do meu nome. Se não for eu, terá candidato. Isso está definido. É tradição do PSD lançar candidato em Goiânia. Em 2016, lançamos o Francisco Jr e em 2020 eu encabecei a chapa. É tradição. Como um partido que está competitivo em pesquisas vai abrir mão do nome? Tem que participar do jogo! Porque eu sou senador da República hoje? Porque participei do jogo político e tive coragem de ser candidato. Se eu não estivesse disputado todas as eleições que disputei você não estaria falando com um senador da República hoje…

Existiu uma especulação de que o senhor poderia abrir mão da candidatura para receber o apoio do presidente Lula e do PT em 2026 na corrida ao Palácio das Esmeraldas… Há algum fundamento nisso?

Vanderlan Cardoso: Eu não posso fazer nenhum compromisso sendo que dentro do PSD tem nomes que estão despontando para 2026. Eu não tenho a autorização de fechar nada dentro do PSD sem aval do presidente nacional, Gilberto Kassab. Eu estaria sendo desleal ao Ratinho Jr que está despontando como pré-candidato a presidente da República. Não tem nada definido dentro do partido. Eu só posso fazer algum compromisso visando 2026 com anuência do meu partido. Como vou fazer um compromisso para 2026 sendo que o Lula será candidato a reeleição ou o Haddad? Eu acredito que é o Lula. Eu faço um compromisso local aqui pra Goiás vislumbrando a corrida em 2026 e o PSD lança candidato a presidente? Não dá para pensar nisso agora.

Domingos Ketelbey: Se as convenções fossem hoje, qual seria sua postura?
Vanderlan Cardoso: Goiânia está numa situação complicada. Eu estava falando hoje que esses dias Goiânia tinha 1.5bi em caixa. Hoje o que a gente vê é as dívidas aumentando, a saúde um caos. Agora, o discurso é que se não sair esse financiamento a conta não vai fechar. Goiânia não tem planejamento, plano de desenvolvimento, as discussões são as mesmas de quando eu me candidatei pela primeira vez em 2016. Não há projeto para Goiânia. As discussões são as mesmas de 2016 e 2020. Não se resolveu nada. Não tem projeto macro para Goiânia. Copiaram tudo que eu apresentei e não fizeram nada. O que fica fácil? Para se arrecadar, mete a caneta no IPTU, vira um trem de louco e vai judicializar o assunto. Do jeito que tá ficando, as dívidas, o comprometimento financeiro anual já beira os R$ 400 bi entre dívidas e juros. Esse contexto não me desmotiva, ao contrário, motiva mais. Por isso que tô dizendo pra você que do jeito que tá ficando vamos ter que dar um jeito. Graças a Deus, eu sei administrar.