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Eurípedes Júnior, alvo da PF por desvio milionário, tem passado marcado por polêmicas

A Polícia Federal o considera foragido

Eurípedes Júnior (Foto: Reprodução - Facebook)

O presidente do diretório nacional do Solidariedade, Eurípedes Júnior, um dos alvos da operação da Polícia Federal deflagrada nesta quarta-feira (12), que investiga o desvio de aproximadamente R$ 36 milhões do fundo partidário e eleitoral pelo Partido Republicano da Ordem Social (Pros), possui uma trajetória marcada por polêmicas e imbróglios judiciais.

Não é a primeira vez que seu nome emerge nas páginas policiais em meio a suspeitas de corrupção e desvios de recursos. Ele já foi acusado de outras práticas anteriormente que extrapolam a política, como uma suposta agressão à filha, há aproximadamente 4 anos, em 2020. 

Eurípedes Júnior iniciou sua trajetória na vida pública, em 2008, quando foi eleito vereador por Planaltina de Goiás. Logo mostrou poder de articulação política ao conseguir ser eleito presidente da Câmara Municipal no mesmo ano. Anos depois, em 2013, conseguiu fundar o Pros, partido que presidiu por muitos anos e viveu disputas pelo poder durante as eleições em 2020.

Em 2014, já com o Pros fundado, tentou uma campanha para a Câmara dos Deputados numa chapa que apoiou a presidente da República reeleita, Dilma Rousseff (PT). Com 72.781 votos, no entanto, acabou ficando apenas com a suplência.

Disputas internas

Antes do partido ser incorporado ao Solidariedade, o Pros viveu disputas internas que culminaram em seu afastamento da presidência da legenda. Começou em julho de 2020. A rachadura ficou escancarada. Na época, as impressões sobre indícios de corrupção já estavam no rastro de Eurípedes Júnior.

Sob pretexto de que Eurípedes lavava dinheiro e desviava recursos do partido, uma ala da legenda conseguiu o afastamento do presidente. Júnior teria adquirido um helicóptero no valor de R$ 2,4 milhões de reais, oriundos do fundo partidário para uso pessoal. O mandatário alegou golpe político. A oposição interna foi liderada também pelo goiano Marcus Vinicius Chaves de Holanda.

Entre idas e vindas, Eurípedes e Holanda chegaram a revezar o comando do partido, decisão judicial após decisão judicial até que, em 2022, em meio à eleição presidencial, Júnior retomou a presidência para ali permanecer e conduzir a incorporação da legenda ao Solidariedade. 

Fissura nas eleições de 2022

A fissura acabou gerando impactos internos que refletiram na corrida presidencial em 2022. Ligado à centro-esquerda, o Pros sempre esteve com o PT nas eleições de 2014 e 2018 e chegou a votar contra o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, apesar de entregar votos que renderam votações importantes nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).

Em 2022, com Holanda no poder, o Pros decidiu investir no lançamento da candidatura do empresário e coach Pablo Marçal. O problema foi que uma decisão judicial, em meio à semana das convenções partidárias, devolveu o comando da legenda a Eurípedes Júnior. Em uma rápida articulação, a legenda saiu de uma candidatura de centro-direita liderada por Marçal para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na chapa que venceu as eleições. 

O grupo de Holanda e Marçal bem que tentou brigar, mas, no fim das contas, perdeu a queda de braço e o coach investiu em uma candidatura a deputado federal.

Dois anos antes, ele foi indiciado por agressão à filha, que à época tinha 19 anos. Exames apontaram que Eurípedes foi ferida com uma forte pancada no quadril e teve suas mãos mordidas numa discussão para ficar com o carro da moça. Ela conseguiu medida protetiva que impedia o político de se aproximar dela.