De saída

Ex-titular da Segov “renuncia” participação na política e funda igreja em Goiânia

Tayrone di Martino se afastará de cargos públicos para dedica-se à criação da Igreja Missionária do Eterno Amor de Cristo, a qual já está registrada. Católico de origem, ele revela que instituição estará livre de denominações

Há pouco mais de um mês para o fim do tucanato no Governo de Goiás, personalidades políticas do PSDB pretendem enveredar-se por caminhos externos à política em 2019. É o caso do líder do Executivo estadual José Eliton, que anunciou retorno à advocacia, por exemplo. Com intuito de seguir o mesmo rumo profissional, quem chama mais atenção, porém, é o ex-vereador, ex-titular da Secretaria de Estado de Governo (Segov) e atual secretário extraordinário do Estado Tayrone di Martino, o qual também está prestes a “renunciar a política” para lançar-se em um novo projeto, dessa vez no mundo religioso: Igreja Missionaria do Eterno Amor de Cristo.

De origem católica, Tayrone já foi assessor do padre Robson Oliveira, antigo reitor da Basílica do Divino Pai Eterno de Trindade, até meados de 2017. Apesar disso, é com um nome mais próximo de congregações evangélicas que o político se reaproxima das vocações religiosas.

Segundo ele, em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, trata-se de uma ideia nova, que – a despeito de ser cristã – tem objetivo de estar desvinculada dos rótulos católico ou evangélico. “Não quero um projeto de denominação católica ou evangélica. Será um novo plano de evangelização, obviamente, respeitando minhas origens e também outras correntes cristãs. Acredito que a mudança do mundo passa pela evangelização, por isso fiz essa opção”.

A igreja de Tayrone, apesar de já registrada, segundo ele ainda é incipiente. “Estou na fase de documentação e concepção de doutrina”. Para o secretário, que tem formação católica e afirma ser pregador desde os 15 anos de idade – inclusive em instituições evangélicas -, a conexão com a divindade extrapola “qualquer igreja ou religião”. “A nossa conexão com Deus está além, inclusive, da igreja que vou fundar. A igreja é uma porta, por isso, o projeto que conduzo respeita católicos e evangélicos, que tem papel e contribuição na evangelização”.

A sede deverá ser fixada no Setor Cândida de Morais, na região Noroeste, onde di Martino revela ter fortalecido sua conexão com o público. “Vai ser na minha região, é onde minha relação com as pessoas é mais forte. Lá, tenho vários fieis que procuram por minha pregação”. Outra diretriz ainda a ser definida é formação de outras lideranças para a congregação. “A ideia é criarmos uma escola de líderes para formar outras pessoas”.

“Renúncia”

Com a iniciativa, Tayrone refere-se à decisão de deixar a política em segundo plano e nega que o desligamento da vida pública tenha ocorrido por falta de apoio político dentro da instituição católica, o que também justificaria uma ruptura e a formação de uma linhagem neutra dentro da fé cristã. “Não deixei de ter apoio da Igreja Católica, não. Poderia ser candidato a deputado estadual ou federal. Oficialmente, a Igreja não apoia ninguém, então estava livre para decidir sobre isso e deixei de lado a candidatura porque o meu projeto de evangelização veio antes do da política”, sublinha.

Por enquanto, o objetivo de Tayrone é manter-se alinhado à fé, distante da busca por cargos públicos ou eventual retorno ao Poder Legislativo. “Não pretendo pleitear cargos públicos ou tentar nova eleição para o Legislativo. Existem muitas formas de se fazer ação social e evangelização. Ao invés de ajudar pessoas pela política, posso fazer isso por meio da igreja, em obras sociais. É uma renúncia e um compromisso de vida que tenho comigo”, finaliza.

O Mais Goiás tentou contato com Padre Robson, que além de padre é fundador da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) para indaga-lo sobre o apoio político-religioso à Tayrone, mas sua assessoria afirmou que o eclesiasta só teria agenda para falar cinco minutos ao telefone com esta reportagem no final deste ano.