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Fenaj sai em defesa de Glenn Greenwald e divulga nota de repúdio ao MPF

A Federação Nacional dos Jornalista (Fenaj) repudiou, por meio de nota oficial, a decisão do…

A Federação Nacional dos Jornalista (Fenaj) repudiou, por meio de nota oficial, a decisão do Ministério Público Federal (MPF) de denunciar o jornalista Glenn Greenwald pelos crimes de associação criminosa e interceptação telefônica, no caso da Vaza Jato. Segundo a Fenaj, o “MPF ignora a Constituição Brasileira, que assegura a liberdade de imprensa. Ignora também decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que o jornalista não fosse investigado no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal, destinada a investigar invasões de celulares de autoridades”.

Para a federação, o jornalista cumpriu o dever profissional de divulgar informações de interesse público. O The Intercept Brasil, site em que atua Glenn Greenwald, divulgou diálogos do então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e procuradores do MPF que atuavam na força-tarefa denominada Lava Jato.

“Mesmo sem ter sido investigado e, portanto, sem ter sido indiciado, o jornalista foi denunciado pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, que atua na Procuradoria da República no Distrito Federal. Segundo o procurador, surgiram indícios contra Greenwald, a partir das apurações sobre os hackers que invadiram os celulares das autoridades”, lembrou a nota e prosseguiu: “A Fenaj alerta para o perigo das restrições à liberdade de imprensa, principalmente quando elas partem de autoridades constituídas. (…) A denúncia do MPF é uma forma de intimidação ao jornalista e uma ameaça à atividade jornalística.”

Vale lembrar que, recentemente, a Fenaj divulgou um levantamento que indicou que foram registrados, no ano passado, 208 ataques a veículos de comunicação e jornalistas. Desses, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi responsável por 121.

Mais repúdio

A Fenaj não é a única que se manifestou contra a postura do MPF. Via Twitter, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), escreveu: “A denúncia contra o jornalista Glenn Greenwal é uma ameaça à liberdade de imprensa. Jornalismo não é crime. Sem jornalismo livre não há democracia”, finaliza a Federação.

Além de outros políticos, grupo Prerrogativas, que reúne alguns dos principais advogados criminalistas do Brasil, também reagiu. “Glenn Grenwald e a equipe do The Intercept Brasil protagonizaram um dos maiores furos jornalísticos da imprensa brasileira, ao divulgarem conteúdo de mensagens ilegais trocadas entre os agentes públicos responsáveis pela condução da Operação Lava Jato, dentre os quais e destacadamente, o Ministro Sergio Moro e o procurador da República Deltan Delagnol”, diz em nota.

E continua: “A denúncia ataca violentamente a liberdade de imprensa, na medida em que busca a responsabilidade criminal de um jornalista em razão de sua atividade profissional. (…) Esta acusação é uma escalada perigosa na ascensão do autoritarismo, além de consagrar o uso político do processo penal e a fragilidade da nossa democracia.”