SABATINA MAIS GOIÁS | ENTREVISTA

“Ficar isolado não faz sentido, temos que buscar recursos”, diz Virmondes Cruvinel

Novato como postulante à prefeitura, Virmondes Cruvinel (Cidadania) vem de uma família de políticos. O…

Novato como postulante à prefeitura, Virmondes Cruvinel (Cidadania) vem de uma família de políticos. O pai, batizado também como Virmondes Cruvinel, foi deputado estadual e secretário de Justiça por Goiás. Rose Cruvinel, a mãe, foi vereadora e deputada estadual. Procurador do estado, o candidato foi vereador por Goiânia por três mandatos, de 2007 a 2014, e foi eleito deputado estadual em 2014,  com 37,6 mil votos. Na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás atuou na Frente Parlamentar de Apoio à Micro e Pequena Empresa e como presidente da Comissão de Turismo.

Virmondes é o primeiro convidado de uma série de entrevistas que dão sequência à Sabatina do Mais Goiás e BandNews FM com prefeitáveis de Goiânia. A sabatina ouviu os seis mais bem colocados postulantes ao Paço Municipal de acordo com a primeira rodada da Pesquisa Ibope. Nesta semana, o Mais Goiás conclui as entrevistas com os nove demais candidatos presentes na disputa, dos quais Virmondes é o primeiro. Confira:

Mais Goiás –  O senhor coloca a pandemia de covid-19 como uma crise que pode oferecer oportunidade. O auxílio emergencial acaba em dezembro, o que pode mostrar a verdadeira face da crise. Como um gestor municipal pode lidar com isso?

Virmondes Cruvinel – Temos que garantir acesso à tecnologia e informação. O que pode diminuir a burocracia da prefeitura. É preciso que a gestão pública dê respostas ágeis, principalmente nas chamadas áreas de serviços essenciais. Facilitando o acesso de qualquer serviço executado pela prefeitura. O que assegura o funcionamento e abertura de pequenos negócios, que na cidade hoje gera mais de 50% de empregos formais.

Precisamos diminuir internamente a burocracia da prefeitura facilitando essa oportunidade de qualquer cidadão tenha respostas ágeis.  Podemos dar também acesso rápido a serviço de saúde primário, com agendamento online, com consulta garantida e fiscalização de serviço realizado. Também podemos fazer com que os recursos cheguem na ponta. Vimos que boa parte do recursos enviados para combate ao coronavírus não foram aplicados, é preciso ter transparência.  Precisamos ainda estar próximos do setor produtivo e fazer revisão da parte tributária, revendo o ISS.

Mais Goiás – O senhor cita Goiânia como uma cidade inteligente, o que seria isso?

Virmondes Cruvinel – Goiânia precisa melhorar sua pontuação no ranking Smartcities, entre as cidades mais inteligentes do País. A cidade está na 40º colocação. Para mudar isso, é preciso investir em inovação internamente, desburocratizar a administração. Isso daria mais transparência e evitaria corrupção, o que melhora o fluxo de processo interno. Outros entes da federação estão avançados em relação a isso. Assim, podemos utilizar as ferramentas para mapear problemas. Por exemplo, mapear idosos, doentes crônicos e crianças. Assim seria possível levar vacinas na casa das pessoas.

Um segundo ponto é a gestão compartilhada. Como criar conceitos de cidadania, aproximar a gestão de pessoas, com diálogo com associação de moradores, entidades de classe. Aproximar a prefeitura da aplicação dos resultados. Outro ponto é o desenvolvimento econômico e economia criativa. Para isso é preciso revitalizar o Centro de Goiânia, fortalecer os comércios locais e atualizar a parte tributária, garantindo funcionamento de comércios e indústrias.

Além disso, podemos valorizar a economia criativa, como a tecnologia,  audiovisual e games. São coisas novas, mas que têm potencial para vir à Goiânia. A parte da sustentabilidade é o quarto pilar. Propomos efetivar o plano de saneamento de Goiânia, que trate de reciclagem. Temos que tocar na ferida do aterro sanitário que precisa ser melhor aproveitado para uso, inclusive no uso de energia. Plantio de um milhão de árvores, nas ilhas de calor para diminuição do calor.

Mais Goiás – Quais os recursos disponíveis para fazer isso?
Virmondes Cruvinel – Temos a previsão do orçamento para o próximo de, salvo engano, R$ 3 bilhões. Já com previsões obrigatórias na Saúde, Educação, que temos como eixo já no nosso plano de governo. Investimentos nessas áreas repercutem no Índice de Desenvolvimento Humano (IDG). Sabemos que precisamos fazer busca de novos investimentos. Aplicar metodologias para melhorar isso. A prefeitura não aplicou o teletrabalho. Outros municípios já apostaram nisso no momento da pandemia e, com isso, já trouxeram economia. Dinheiro esse que pode ser aplicado em investimentos. Precisamos ainda melhorar a legislação local, que está ultrapassada. Melhorar o Plano Diretor, o código de habitações. É preciso atualizar também o código tributário, permitindo avanços.
Mais Goiás – O sr citou o Plano Diretor, em que a atualização, já atrasada, está em discussão na Câmara Municipal. As discussões devem ser deixadas para a próxima gestão?
Virmondes Cruvinel – Infelizmente ficamos parados. Acredito que é possível, com transparência, com participação da sociedade, avançar na discussão do Plano Diretor. Essa atualização já está atrasada desde 2007. Precisamos fazer isso com transparência. Diferente de ser “empurrada” pela prefeitura, sem discutir com a sociedade. Defendo a amplitude das discussões, com audiências públicas. É dessa maneira que acredito que podemos avançar, nada atropelado. Com maturidade, depois da eleição vejo que é o momento oportuno para isso, sem o atropelo e com transparência.
Mais Goiás – O próximo prefeito de Goiânia vai herdar obras não concluídas da atual gestão. Uma delas, de suma importância, é do a Bus Rapid Transport (BRT). Como finalizar obras nesse contexto de crise?
Virmondes Cruvinel – O primeiro compromisso é esse, de concluir as obras começadas e não concluídas. Nós vemos aqui obras do governo atual obras iniciadas ainda na gestão Paulo Garcia, como unidades educacionais. É preciso dar sequência a obras já iniciadas, entre elas unidades de saúde e educação que precisam ser entregues à população.  Buscar articulações, que eu procurei buscar em toda minha trajetória, junto com deputados estaduais, federais e governo do estado, para que consigamos recursos. Não faz sentido ser um prefeito isolado. Já vimos isso em Goiânia situações que o prefeito ficou isolado sem oportunidade de fazer avanços. Tem que ter essa maturidade e ir junto às bancadas para buscar recursos.
Mais Goiás – O sr fez críticas ao prefeito Iris Rezende (MDB). Qual a avaliação faz da gestão dele?
Virmondes Cruvinel – Ele tem uma história pessoal muito importante. Ele foi prefeito antes tendo sido vereador. Fazemos críticas à administração.  A prefeitura precisa deixar de estar empacada em algumas áreas. É lamentável a não aplicação de recursos em uma área essencial como a saúde. Não ter equipamento de proteção individual a servidores. Fechar unidade de saúde em plena pandemia, como o Cais do Setor Pedro Ludovico fechado para reforma. Não dá para aceitar uma gestão moderna com isso.  Por mais que tenha a pandemia, não faz sentido deixar de lado as crianças e as famílias. Tinha que ter mantido o contato mesmo virtual. Os conselhos tutelares reclamam que não há diálogo com eles. É preciso buscar em Brasília recursos para melhoria na internet. Passaram sete meses com suspensão de contratos e aulas. Isso impacta demais as famílias. Mães que deixaram de trabalhar para ficar com os filhos porque não tinham onde deixar ou com quem deixá-los. Esse distanciamento é muito grave.
Mais Goiás – O transporte público é apontado pelos próprios usuários como um dos grandes problemas de Goiânia. No entanto, o plano de governo do sr só menciona o transporte, sem dar mais detalhes. Por que? Quais são as melhorias a serem implementadas?
Virmondes Cruvinel – O primeiro passo é mexer na Agência Municipal de Regulação. A fiscalização não pode  ficar nas mãos das empresas. Temos que chamar a responsabilidade da fiscalização para dar autonomia ao poder público de fiscalizar. Outro problema que é feita a arrecadação da tarifa, através da quantidade de pessoas, o que reflete na superlotação. Temos que buscar rever as formas da tarifa para que não venha implicar em mais problemas. É preciso dar transparência na fiscalização. É necessário, se for o caso, rever os contratos para que os compromissos sejam tratados. Se continua superlotação e atrasos, empresas tem que ser penalizadas. É por isso que não aceitamos ajuda financeira das empresas de transporte na campanha, para evitar que loteiem as secretarias, para que o serviço seja prestado com qualidade.
Mais Goiás – Ainda no transporte público, o sr não cita no seu plano os corredores de ônibus, que ainda são poucos em Goiânia. Pretende implementar mais deste tipo, onde? Vê um modelo diferente?
Virmondes Cruvinel – Temos que pensar a efetividade desses corredores. Os comerciantes reclamam muito de Colocar mais próximo do comércio. Quando se coloca centralizado não atrapalha o comércio. É preciso ver isso da melhor forma possível. As empresas reclamam que teria que mudar as portas de lado. Então mude. Não podemos acabar com o comércio para os corredores, tem que ser uma coisa interligada à outra. Estamos estudando bem. Se for dar sequência é preciso que seja centralizado para que seja interligado.
Mais Goiás – Sobre o trânsito, seu plano de governo coloca possibilidade de mudanças nas vias em Goiânia. Como seria isso?
Virmondes Cruvinel – Nossa ideia é aproveitar da melhor forma possível. Algumas ruas são de mão dupla, mas são estreitas. Em outras capitais, há ruas que mudam de sentido conforme a demanda da hora do dia. São medidas para evitar engarrafamento e usando tecnologias para melhorar o trânsito, vendo em tempo real o que está ocorrendo. No Jardim Goiás e no Alto da Glória é possível colocar mão de sentido único em locais de via dupla. Isso gera problemas na coleta de lixo. Podemos melhorar sem gastar, só orientando e dando informações ao cidadãos.
Mais Goiás – Em Goiânia há déficit de vagas para crianças nos CMEIS. Como resolver esse problema a curto e médio prazos?
Virmondes Cruvinel – O compromisso nosso é melhorar a infraestrutura já existente, acabar com as “escolas de placas”, melhorar o acesso a internet e buscar parcerias com entidades sociais, entidades religiosas. Com convênios e metas a serem cumpridas. Sabemos que hoje a prefeitura está até inadimplente com algumas entidades. Mas temos que ter compromisso, pois é um serviço prestado em conjunto e que demanda muita atenção de todos. Internamente temos que fazer o dever de casa, seguir valorizando o servidor. É o momento de interligar a educação com as questões de saúde. Por isso, é preciso, e está no plano de governo, criar um Centro de Especialidade Pediátrica para reforçar a falta de atenção que a prefeitura deu às crianças.
Mais Goiás – O sr tinha 23 cargos comissionados no governo Ronaldo Caiado, que acabou perdendo por não votar alinhado na reforma da previdência. Como explicar isso ao eleitor?
Virmondes Cruvinel – Eu vi choque de interesses na retirada de direitos de servidores da educação. Eu fui contra isso. Para mim, vale mais defender minhas convicções a estar atrelado a governo a todo e qualquer custo. Por isso segui com minhas convicções e bandeiras. Tive perdas, mas mantive minha coerência.