Fim no Senado é o começo de outros caminhos
Depois da votação desta quarta-feira, a missão da classe política vai ser olhar para a…
Depois da votação desta quarta-feira, a missão da classe política vai ser olhar para a frente e começar a construir algo de diferente. Na reta final do processo de julgamento da presidente Dilma Rousseff, há de ressaltar a qualidade e a brilhante eloquência da defesa de José Eduardo Cardozo. Da mesma forte, como o processo chama a atenção para o brilhantismo com a argumentação contrária de Antônio Anastasia.
Goiás se destaca mais pelo bizarro. Ronaldo Caiado se empenhou tanto que nem a morte da sogra o afastou das atividades de plenário. Mesmo plenário que recebeu a mãe de outro senador, Wilder Moraes para acompanhar este momento histórico.
Termina um falso debate, feito por cegos e surdos. Com todo o respeito que merecem a cegueira e a surdez. A edição dos decretos sem autorização legislativa e as pedaladas são muito pouco, realmente, para provocar o afastamento de um mandatário. Mas quem argumenta isso, esquece que o impeachment é um julgamento essencialmente político. E o momento é ruim, na economia e na política. Em uma situação onde a falta de apetite político de Dilma Rousseff foi componente fundamental para a composição deste quadro.
Ninguém tem ilusão de que os problemas do país estão resolvidos. Muito longe disso. Também não será o fim do mundo, como apregoam os arautos do golpe. Difícil imaginar em confisco de bens e direitos, que só seriam concretizados por uma desmobilização ainda maior do que a que já existe hoje.
A política precisa ser reinventada e estar mais próxima do cidadão comum. Executivo, Judiciário e Legislativa estão cada vez mais distantes daqueles que mantém essa estrutura funcionando.
As reformas adiadas há décadas devem ser enfrentadas, discutidas e resolvidas. O país do jeitinho está virando o partido do crime. Sem falsos ou verdadeiros moralismos, precisamos de uma formação mais firme da juventude que está vindo aí. Uma juventude criativa e que domina a tecnologia. Que precisa de mais educação, mais saúde, mais segurança, mais oportunidade e mais esperança. Pode parecer pouco. Mas pode ser o começo.
A história dos partidos e dos seus vultos não será apagada. Dilma e Lula serão assunto de conversas e estudos. O PT continuará existindo com o desafio de realmente se renovar.
É um momento de muitas incertezas. Mas é o ponto de partida para uma nova fase para muitas estruturas. Entender isso é fundamental para a construção de futuros.