Flordelis está presa no mesmo local que a neta
Ex-deputada federal foi detida na sexta, após pedido do MP-GO; ela perdeu o mando na quarta
Presa preventivamente na sexta-feira (13), a ex-deputada federal Flordelis foi transferida, no sábado (14), para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro. É o mesmo local onde está detida a neta da ex-parlamentar, Rayane dos Santos Oliveira, desde agosto de 2020.
Flordelis é acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, há dois anos. A neta é acusada de participação.
Vale lembrar, a Câmara Federal cassou, na tarde de quarta-feira (11), o mandato da deputada Flordelis dos Santos Souza (PSD-RJ) por 437 votos a sete e 12 abstenções. O plenário decidiu após relatório do Conselho de Ética, que pediu o afastamento da parlamentar.
Além do mandato, Flordelis – que é apontada pela Polícia e Ministério Público do Rio de Janeiro de mandar matar o marido Anderson do Carmo, em Niterói, no ano de 2019 – perde os direitos políticos e a imunidade parlamentar.
Destaca-se, a deputada entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a sessão de cassação, mas a ministra Carmen Lúcia indeferiu o mandado de segurança. No lugar dela, assume o suplente, Jones Moura (PSD), que vereador no Rio.
Prisão de Flordelis
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) pediu a prisão preventiva da ex-deputada federal Flordelis na sexta-feira, dois dias depois dela ter o mandato cassado pelo plenário da Câmara. Com a perda do mandato, ela também deixou de usufruir da imunidade parlamentar.
No mesmo dia, a 3ª Vara Criminal de Niterói decretou a prisão. A Polícia Civil prendeu a ex-deputada por volta das 18h40 – destaca-se, outras dez pessoas já estavam detidas desde 2019 (inclusive a net), o que não era possível a Flordelis por causa da imunidade parlamentar.
A juíza que determinou a prisão, Nearis dos Santos Carvalho Arce, proibiu, ainda, que a acusada tenha contato com outros réus do processo na cadeia.
Ainda no dia, antes da prisão, ela postou um vídeo nas redes sociais. “Olá gente, chegou o dia que ninguém desejaria chegar. Estou indo presa por algo que eu não fiz, por algo que eu não pratiquei. Eu não sei por que, mas estou indo com força e com a força de vocês. Orem por mim. Orem, orem. Uma corrente de oração na internet. Busquem a Deus, está bom? Um beijo, amo vocês.”
Caso
O pastor Anderson, marido de Flordelis, foi morto ao chegar em casa com a parlamentar, em Niterói (RJ), em junho de 2019. Ele foi baleado com vários tiros na garagem. A deputada afirmou que ter sido um assalto, além de dizer que eles estavam sendo seguidos.
Em agosto do mesmo ano, um dos 55 filhos do casal disse à Polícia que poderia ter sido a mãe a mandante do crime. Ela negou. Contudo, a corporação apurou que o plano para matar o religioso começou em maio de 2018, com um envenenamento em doses por arsênico.
“As denúncias apontam que, em maio de 2018, tiveram início seis tentativas de envenenamento, de forma gradual. O arsênico era colocado na comida do pastor. Ele teve várias passagens em hospitais de Niterói, com diarreia, vômitos, sudorese. O tratamento era feito como se fossem outras coisas. Ao assumir como deputada federal, Flordelis se sentiu mais empoderada para realizar o assassinato“, detalhou o promotor Sérgio Luiz Lopes Pereira, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP estadual, em coletiva, no ano passado.