ENTREVISTA

Gilvane Felipe diz que indicação para o Iphan foi consensual

Felipe destacou articulação da deputada federal Adriana Accorsi

Governo federal nomeia Gilvane Felipe superintendente do Iphan (Foto: Divulgação)

A nomeação do ex-secretário de Cultura de Goiás, Gilvane Felipe (Cidadania), para o cargo de superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Goiás (Iphan), em Goiânia, teve amplo consenso entre as bancadas do PT, na Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores de Goiânia. A informação é do próprio historiador em entrevista ao Mais Goiás.

Gilvane pretende usar sua experiência como secretário de Cultura e também à frente da superintendência do Sebrae em Goiás para minimizar diferenças e fazer uma boa gestão frente ao órgão. Ele também foi por quatro anos titular da secretária de Ciência e Tecnologia. “Por mais de 12 anos, estive à frente de pastas de primeiro escalão em governos anteriores”, pontuou.

Felipe cita o fato do seu antecessor, Pedro Wilson, ter entrado em rota de colisão com alguns servidores do Iphan. Ele destaca que vai trabalhar para evitar amplificar conflitos e quer minimizar desgastes com a equipe que vai liderar. “Não vou chegar buscando réplica, revanche ou coisa do tipo. A minha ideia é pacificar e harmonizar. Chamar todo mundo para conversar e pela responsabilidade de um órgão que tem uma pauta importantíssima, que é a preservação do patrimônio histórico e artístico”, salientou. 

Na presidência do Cidadania até o final do ano passado, Gilvane minimizou que o cargo tenha lhe sido oferecido como retribuição a ter bancado o apoio à deputada federal Adriana Accorsi (PT). “Eu sou um aliado dela e é natural que pessoas eleitas queiram colocar seus aliados em cargos de confiança”, disse. 

Ele reforça sua trajetória frente aos cargos que já ocupou, bem como sua formação acadêmica. Gilvane possui graduação em História pela Universidade Federal de Goiás e mestrado em História pela Université de la Sorbonne Nouvelle, Paris III, na França, além de ser doutorando pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, também na França.

Leia trechos da entrevista com o novo superintendente do Iphan em Goiás, Gilvane Felipe:

Mais Goiás: Como se deu a construção da sua indicação no Iphan?

Gilvane Felipe: A indicação do meu nome foi uma surpresa. Em dezembro, anunciamos o apoio à pré-candidatura da Adriana Accorsi. Eu e um grupo grande de militantes e filiados do Cidadania em Goiás, enxergamos que a melhor opção para Goiânia e ao partido seria apoiar a Adriana. Tentamos convencer a federação como um todo, mas não conseguimos. Quando percebemos que isso seria impossível, eu renunciei à presidência do partido porque eu também não me interessava criar problemas para a Federação, já que o Cidadania estava obrigado a seguir as decisões que o PSDB, por conta da maioria que eles tem na Federação.

Foi surpresa? De uns tempos para cá seu nome já vinha sendo citado com certa frequência.

Gilvane Felipe: Sim, nos últimos quinze dias, meu nome começou a ter mais força. Eu não entendia o porquê. Depois de um tempo, entendi que foi por conta das condições em que o professor Pedro Wilson saiu do Iphan em condições de desgastes e confronto com grupos presentes no Iphan. Eu lamento o que ocorreu até porque gosto muito do professor Pedro Wilson. Nem todos que agiram contra ele, agiu com boa-fé. 

Pedro Wilson saiu no contexto de muito desgaste com alguns grupos. Minimizar as diferenças entre os servidores será um dos seus objetivos frente ao cargo?

Gilvane Felipe: Eu não sei quais as divergências acontecem, mas sei que aconteceram. Eu lamento muito o que aconteceu. O professor Pedro Wilson tem uma história de dedicação a Goiânia, educação e a cultura de Goiás como um todo. É lamentável que tenha ocorrido qualquer divergência. Não vou chegar buscando réplica, revanche ou coisa do tipo. A minha ideia é pacificar e harmonizar. Chamar todo mundo para conversar e pela responsabilidade de um órgão que tem uma pauta importantíssima que é a preservação do patrimônio histórico, cultural e artístico. Eu acredito que temos que colocar isso como bandeira superior a qualquer divergência que podemos ter. Acredito que conseguiremos fazer isso. A minha ideia é conversar com todo o mundo e incluir com todos. O trabalho é nobre e tem de estar à frente de tudo. Quando isso acontece, as diferenças são minimizadas.

E vai conseguir executar todo o trabalho?

Gilvane Felipe: Eu sou historiador, mestre em história. Tem tudo a ver com o Iphan. Tecnicamente, tenho tudo a ver. Fui secretário de Cultura por quatro anos. Presidente do Sebrae em Goiás que ganhou prêmios pelo trabalho na cultura. Experiência em gestão eu tenho muita. Fui por 4 anos secretário de Ciência e Tecnologia de Goiás. Eu não tenho problema de falta de experiência. Meu nome foi sendo reforçado e foi visto não como uma experimentação.

O seu apoio à Adriana Accorsi enquanto estava como presidente do Cidadania teve peso nessa indicação?

Gilvane Felipe: É natural que as pessoas quando são eleitas coloquem aliados nas posições de confiança. Isso acontece em todas as democracias. Quando alguém vence eleição, ela quer compor com aliados. Hoje eu sou um aliado da Adriana na sua luta pela eleição à prefeita, tanto que faço parte da comissão e da coordenação da pré-campanha da Adriana. Tenho procurado dar tudo de mim para construir uma futura candidatura muito sólida, que vá para o segundo turno e que vença as eleições deste ano. Claro, que meu nome não seria lembrado se meu nome não estivesse na articulação.

Mas naquele momento, havia um contexto de divergência no Cidadania que não faz parte da base do presidente Lula, em Brasília e nem apoia a Adriana Aqui em Goiânia.

Gilvane Felipe: A posição do Cidadania Nacional mudou muito. Eleitoralmente, o partido é obrigado a compor com o PSDB, então, o partido é obrigado a fazer algumas coisas que talvez não fizesse se tivesse liberdade de movimento. No entanto, o Cidadania Nacional tem feito reuniões e articulações com o governo que aí está.

Com o novo cargo, considera ir para o PT ou algum partido da base do presidente Lula? 

Gilvane Felipe: Ainda não considero fazer essa movimentação. Acredito que o Cidadania é um partido viável e que quando acabar essa federação, o partido vai construir uma trajetória à centro-esquerda que é necessária ao Brasil. No Brasil, há um vazio de legendas de centro-esquerda e acho que o Cidadania pode suprir esse espaço.