Política

Goiânia Adiante é tentativa de Rogério Cruz criar sua marca administrativa

Goiânia Adiante é um programa ousado e que, se der errado, vai dar muito errado mesmo para a cidade

Rogério Cruz (Foto: Prefeitura de Goiânia)

Goiânia Adiante é o nome do programa que Rogério Cruz escolheu para ser sua marca administrativa. Todo mundo que mexe com comunicação sabe da necessidade de se estabelecer um slogan, uma marca, um símbolo que crie identificação carnal com o que se quer comunicar. Na política, funciona do mesmo jeito. Um prefeito, um governador, um presidente, todos precisam dessa marca maior para se estabelecer frente ao eleitor e ter a chance de sonhar com a permanência de seu grupo político no poder.

Lula fez isso com o PAC. Marconi fez isso com o Tempo Novo. Iris Rezende cunhou o slogan de que os transtornos passam e os benefícios ficam. Goiânia Adiante é a tentativa do prefeito da capital criar seu PAC, seu Goiás na Frente. É do jogo.

As últimas semanas não foram fáceis para Cruz. O prefeito não conseguiu eleger sua esposa Thelma Cruz para a Alego. Prefeituras menores como Anápolis ou Trindade colocaram seus representantes no cargo de deputado estadual. Mesmo colocando toda a estrutura do Paço Municipal em prol de Thelma, a primeira-dama ficou como suplente e o dono da vaga do partido, o vereador Clécio Alvez, agora cogita desistir de tomar posso para entregar o mandato à ela. Não deve estar custando pouco, politicamente falando, para Rogério Cruz pagar essa conta. Mas ele vai pagar, não tenha dúvidas.

Quando as urnas foram abertas e Cruz percebeu que os votos de Thelma eram insuficientes para uma singela vaga na Alego, ele percebeu que se não se mexer, vai perder feio a disputa de 2024 para permanecer na cadeira que hoje ocupa. E por isso botou sua equipe para trabalhar e apresentou aos goianienses o Goiânia Adiante.

Trata-se de um coletivo de obras de infraestrutura mas áreas de mobilidade, saúde, educação, lazer, entre outros sob o mesmo guarda-chuva, como o mesmo programa.

Se vai dar certo ou não, sei lá. Não tenho vocação para Mãe Dinah e aprendi com Ringo que tomorrow never knows. Mas a chance de dar errado existe. E não é pequena. Se até hoje o tal do BRT não está funcionando, se a Avenida Goiás e a Praça Cívica ainda são constrangedores canteiros de obras, se ainda temos muita coisa por terminar na cidade, que elementos eu tenho em mãos para garantir que dezenas de obras que estão orçadas em quase R$ 2 bilhões estarão prontas até agosto de 2024? Nenhum.

O goianiense não é adepto das grandes ambições. O asfalto sem buracos, a cidade limpa e bem varrida, os postes todos com suas lâmpadas brilhando de noite e flores alegrando praças e canteiros garantem nossa alegria. Foi assim com Nion Albernaz, foi assim com Iris. Rogério Cruz, caso faça o arroz com feijão bem feito na administração da capital, garante outro mandato. Se se perder na megalomania inacabada, amargará o fracasso nas urnas em 2024. Só que ele não terá um Clécio Alves para negociar sua vaga.    

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Divulgação