Goiás tem cerca de 300 candidatos da segurança pública
Cientista político diz que esse tipo de postulante usa a corporação para captar votos e tentar se legitimar como pessoa que merece credibilidade
Em Goiás, há cerca de 295 candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito que integram as forças de segurança pública. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são 15 bombeiros militares, cinco membros das forças armadas, 91 militares reformados, 38 policiais civis e 146 policiais militares.
Só na capital estão cerca de 10% desses postulantes a cargo eletivo: 29. Goiânia tem três candidatos bombeiros militares, três policiais civis, quatro militares reformados e 16 policiais militares.
O professor e consultor de marketing político Marcos Marinho, que é mestre em comunicação e doutorando na área, explica que isto é, principalmente, um reflexo da militarização do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “A farda, para alguns eleitores, a arma, a segurança, tem representado identificação. E esses candidatos têm se apropriado desta identificação, especialmente no legislativo”, destaca.
Ainda de acordo com Marcos, esse tipo candidato quer usar a corporação para captar votos e tentar se legitimar como pessoa que merece credibilidade. “Usam a farda como elemento identificador de pessoa proba, honesta, que luta contra o crime, o que tem muito apelo popular.”
Brasil
Segundo levantamento do UOL, no Brasil são 6.715 que registraram “membro das Forças Armadas”, “militar reformado”, “policial militar”, “policial civil” ou “bombeiro militar” como ocupação. Além disso, a site informa que a maioria utiliza a patente militar ou cargo policial no nome, como capitão, major, delegado, etc.
Em 2016, último pleito municipal, tiveram 5.987 candidatos com este perfil. Questionado sobre o que isso pode significar no futuro, Marcos Marinho aponta uma problemática. “Você começa a criar um paradigma de candidato centrado em pauta única e os problemas sociais são vários, não só atrelados a segurança pública.”
De acordo com ele, quando existem bancadas dedicadas somente a isso, outras pautas importantes deixam de ser debatidas e cria-se uma legislatura incapaz de entregar o debate que a sociedade espera. “Além de ter elementos de conservadorismo, que podem eliminar pautas progressistas.
Para ele, não só elementos identitários do “pessoal fardado”, mas também de religiosos, deveriam ser secundários no processo.