Governo entrega vídeo de reunião com suposta tentativa de interferência de Bolsonaro na PF
O ministro Celso de Mello, relator do processo, decretou sigilo ao material recebido, a pedido da Advocacia-Geral da União
O governo encaminhou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) o vídeo da reunião em que, segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir indevidamente nas atividades da Polícia Federal. O relator do processo, Celso de Mello, decretou sigilo ao material recebido, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).
O material foi encaminhado à Corte pouco depois das 17h. Por volta das 20h, o ministro do STF decretou sigilo sobre o vídeo.
A Secretaria Especial de Comunicação (Secom) repassou o vídeo do encontro para a Advocacia-Geral da União (AGU), que ficou responsável por enviar o vídeo ao Supremo.
Na decisão, Celso de Mello afirmou que o sigilo do material tem “caráter pontual e temporário” e será revogado a depender de como vai julgar os pedidos da AGU. Segundo o governo, na reunião, “foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de relações exteriores, entre outros”. Por isso, o vídeo deveria ser resguardado.
O ministro também quer ouvir a opinião do procurador-geral da República, Augusto Aras, antes de decidir definitivamente se o material ficará sob sigilo. Celso de Mello deu a Aras nesta sexta-feira prazo de 24 horas para se manifestar sobre o assunto.
O vídeo foi solicitado por Aras na quarta-feira, para integrar o inquérito aberto no STF para apurar acusações de Moro a Bolsonaro. A reunião ocorreu em 22 de abril no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, de outros ministros e de presidentes de bancos públicos.
O vídeo servirá para confirmar, ou não, a afirmação de Moro de que Bolsonaro cobrou, nesse encontro, a substituição do diretor-geral da Polícia Federal e do superintendente da corporação no Rio de Janeiro, além de relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal.
Na mesma reunião, segundo Moro, Bolsonaro disse que, se não pudesse trocar o superintendente da PF do Rio de Janeiro, demitiria o diretor-geral e o próprio ministro da Justiça. A reunião foi gravada, como de praxe, e também contava com a presença servidores da assessoria do Palácio do Planalto.
Moro prestou depoimento à PF no sábado, para instruir o inquérito. Na ocasião, ele disponibilizou aos investigadores mensagens de seu celular para comprovar suas acusações.