Grupo de ACM Neto diz que vai impugnar filiação de Moro na União Brasil
O secretário-geral da União Brasil, ACM Neto, e outros oito dirigentes do partido afirmaram que…
O secretário-geral da União Brasil, ACM Neto, e outros oito dirigentes do partido afirmaram que vão entrar com um pedido para invalidar a filiação do ex-juiz Sergio Moro.
A decisão ocorre após Moro afirmar, na tarde desta sexta-feira (1), que não “desistiu de nada”, um dia após abrir mão da candidatura presidencial. O ex-juiz afirmou que não disputará uma vaga de deputado pela legenda.
“Vamos apresentar, ainda hoje, um requerimento de impugnação da filiação dele. Será assinado pelos 8 membros com direito a voto no partido, o que corresponde a 49% do colegiado. A filiação, uma vez impugnada, requer 60% para ter validade”, disse Neto.
Segundo integrantes da União Brasil, o estatuto da sigla determina que toda decisão deve ser colegiada e precisa de pelo menos 60% da executiva nacional para ser referendada.
Ou seja, já que Neto diz ter 49% do total da direção, não seria possível à outra ala conseguir apoio suficiente para manter a filiação de Moro.
O ex-magistrado filiou-se à União Brasil na quinta-feira (31) e afirmou, em nota, que abria mão, “nesse momento”, de sua pré-candidatura à Presidência.
O gesto ocorreu como forma de driblar a resistência à sua entrada no partido. Mas, como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, aliados de Moro admitiam sob reserva que ele não havia desistido do plano de concorrer ao Palácio do Planalto.
O ex-juiz chegou a redigir uma primeira nota informando a respeito da filiação no partido, mas que não mencionava a desistência na corrida pelo Palácio do Planalto.
Esse primeiro documento chegou às mãos de integrantes da ala do partido que resiste ao ex-ministro, capitaneada pelo secretário-geral do partido, ACM Neto (BA). Insatisfeito com o teor do texto, o grupo decidiu divulgar posicionamento com veto à candidatura presidencial do ex-ministro.
No documento, eles dizem respeitar a trajetória de Moro e dizem que ele pode “contribuir para o cenário político nacional”, mas não na disputa pelo Palácio do Planalto.
“Entretanto, deixamos claro que o seu eventual ingresso à União Brasil não pode se dar na condição de pré-candidato à Presidência da República”, diz a nota, também assinada por Efraim Filho, 1º secretário do partido, José Agripino Maia (vice-presidente), Ronaldo Caiado, professora Dorinha, Mendonça Filho, Davi Alcolumbre e Bruno Reis, todos vice-presidentes do União Brasil.
“Caso seja do interesse de Moro construir uma candidatura em São Paulo pela legenda, o ex-ministro será muito bem-vindo. Mas, neste momento, não há hipótese de concordarmos com sua pré-candidatura presidencial pelo partido”, continua a nota.
Em nota, o deputado Alexandre Leite (União Brasil), tesoureiro da União Brasil em São Paulo, afirmou que a filiação de Moro ocorreu com a “concordância” de que ele faria um projeto para o estado, que incluiria a disputa ao Senado, a deputado federal ou estadual.
“Em caso de insistência em um projeto nacional, o partido vai impugnar a ficha de filiação de Moro”, disse o parlamentar.
A investida da ala composta por integrantes da União Brasil oriunda do DEM é atacada por outro grupo que é entusiasta da candidatura presidencial de Moro.
“Um partido não pode tratar um filiado desta forma. Um filiado entra sem nenhuma segurança ou certeza [de qual cargo vai disputar]. Ele é um ativo, um trunfo eleitoral, que vai gerar dividendos para o partido. Não pode criar relação que não seja dentro de uma harmonia e maturidade”, diz o deputado Júnior Bozella (União Brasil-SP).
“O partido que nasce defendendo as liberdades não vai praticar a democracia interna? Não se pode tratar o partido com coronelismo. Vamos criar uma ala bolsonarista novamente dentro da União Brasil? Repetir os erros do passado? Nada tem que ser goela a baixo, sobre um filiado que vai se submeter ao crivo do partido”, continuou o deputado.
Em meio às divergências com uma ala de seu partido, ACM Neto recebeu convite do PSDB nesta sexta para se filiar à sigla. O convite foi anunciado horas após a União Brasil chamar o governador paulista, Rodrigo Garcia (PSDB), para mudar de partido, um dia após vaivém de João Doria (PSDB) que irritou aliados.