Guedes minimiza declaração de Eduardo Bolsonaro sobre AI-5 e critica foco em ‘barulho’
Ministro voltou a criticar o espaço dado na imprensa para declarações do presidente e de seus filhos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou nesta sexta (1º) potenciais efeitos das declarações do deputado Eduardo Bolsonaro sobre o AI-5 em negociações de reformas com o Congresso e criticou a repercussão de declarações polêmicas pela imprensa.
“Tenho dito desde a campanha que em nenhum momento achei que nosso regime democrático estivesse em risco”, afirmou. “Quanto a esses desentendimentos eventuais, o que eu constato em Brasília é o aperfeiçoamento ininterrupto das instituições.”
Guedes participou de assinatura do aditivo do contrato da cessão onerosa, que garantiu à Petrobras ressarcimento por mudanças na cotação do petróleo desde que a estatal deu ações para a União em troca do direito de explorar cinco bilhões de barris no pré-sal.
O contrato permite a realização de leilão de reservas excedentes aos cinco bilhões de barris. A disputa, agendada para o próximo dia 7, pode garantir ao governo até R$ 106 bilhões, caso todas as quatro áreas oferecidas sejam vendidas.
Questionado sobre o efeito das declarações polêmicas sobre as reformas, o ministro afirmou estar “absolutamente convencido” da maturidade política do Brasil.
“O que parecem combates, como o STF [Superior Tribunal Federal], o MP [Ministério Público], é uma demarcação de território absolutamente legítima na democracia”, disse.
“Até onde pode ir o presidente da República, até onde pode ir um deputado, até onde pode ir um sindicato? Até onde não ameace a liberdade dos outros, o direito dos outros”, completou. “O Brasil está funcionando extraordinariamente bem em termos institucionais.”
Ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro irá ao Congresso na próxima semana para levar propostas do governo, o que mostra “compromisso com a ordem democrática e o processo, o curso legal”.
O ministro voltou a criticar o espaço dado na imprensa para declarações do presidente e de seus filhos.
“Desde a eleição existe um foco demasiado grande no barulho e pouco foco nos sinais. Os sinais são o choque de energia barata, a revolução no setor de óleo e gás, a redução do desemprego, as instituições funcionando”, defendeu.
Cobrando dos jornalistas “perguntas mais elaboradas”, ele rechaçou ainda possíveis impactos de protestos no Chile na aprovação de reformas econômicas do governo.
“Nós não devemos nos levar seja pela confusão que aconteceu na Venezuela, seja pela passeata que aconteceu no Chile”, disse.
“Toda vez que se fala em Chile, me lembro muito da Venezuela. São dois países com experiências diferentes, um experimentou o caminho para o caos e outro experimentou que era tão pobre quanto Cuba e hoje tem a renda per capita que é quase o dobro da brasileira”, completou.