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“Há lealdades maiores do que as pessoais”, diz Moro no Twitter

Ex-ministro da Justiça foi chamado de Judas pelo presidente Jair Bolsonaro

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro evitou falar sobre uma possível candidatura sua à Presidência em 2022 e fez críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT), durante entrevista à GloboNews, na noite de hoje.

“Há lealdades maiores do que as pessoais.” O ex-ministro da Justiça Sergio Moro fez esse simples tuíte na manhã deste domingo (3). A postagem é, provavelmente, uma resposta aos apoiadores de Bolsonaro, agora críticos a ele (que deixou o cargo no governo no último mês), e ao próprio gestor federal, que o chamou de “judas” pelas redes sociais.

O ex-juiz esteve na Polícia Federal, em Curitiba, no sábado (2), e prestou depoimento por mais de 8h, acerca das acusações que fez ao presidente, durante seu discurso de despedida do comando do Ministério. À época, o ex-ministro, afirmou que o gestor federal queria interferir politicamente na PF. Segundo reportagem de O Globo, Moro apresentou novas provas contra Bolsonaro.

Rodrigo Sanches Rios, advogado do ex-ministro, porém, disse, por nota, que “como a investigação está em andamento, nossa manifestação será apenas nos autos”. Moro participou da oitiva de 14h30 às 22h40. Ele chegou na sede da PF por volta das 13h15, em um veículo da polícia e entrou pelo portão dos fundos do edifício. Na porta, manifestantes pró e contra ele.

Relembre

Na entrevista coletiva em que anunciou a decisão de se demitir do cargo de ministro da Justiça, na manhã do dia 24 de março, Sergio Moro condenou a interferência política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal e disse que, nos governos Lula e Dilma, a PF tinha autonomia. 

Moro afirmou que a liberdade que a polícia tinha para investigar permitiu que a operação Lava-Jato avançasse. “É certo que o governo da época tinha inúmeros defeitos. Aqueles crimes gigantescos de corrupção, mas foi fundamental a autonomia da PF para que fosse realizado esse trabalho. Seja de bom grado, seja pela pressão da sociedade”, disse.

Maurício Valeixo

O agora ex-ministro diz que o presidente não apresentou argumentos técnicos que justificassem a exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, publicada no Diário Oficial naquele dia – este seria um dos principais motivos do pedido de demissão.

“Falei com presidente que seria interferência política, e ele disse que seria mesmo. Presidente me disse mais de uma vez expressamente que queria ter uma pessoa do contato dele, que ele pudesse ligar, ter informações, colher relatórios de inteligência. Seja diretor, seja superintendente, não é papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação. Imagina se durante a própria Lava-Jato, ministro ou diretor-geral, ou a presidente Dilma ou o ex-presidente Luiz (Lula) ficassem ligando para o superintendente…. Autonomia da PF é valor fundamental. Grande problema não é quem entra, mas por que alguém entrar. Eu fico na dúvida se vai conseguir dizer não (a Bolsonaro) em relação a outros temas”, disse Moro.