RIO DE JANEIRO

Impeachment do governador do Rio deve ser aprovado na quarta (23)

A última tentativa do governador afastado Wilson Witzel para tentar evitar seu impeachment na Assembleia…

A última tentativa do governador afastado Wilson Witzel para tentar evitar seu impeachment na Assembleia Legislativa do Rio, com uma defesa presencial no plenário da Casa antes da votação marcada para a próxima quarta-feira, não deve surtir efeito entre os parlamentares. A tendência na Casa é de uma repetição do quadro da votação na comissão especial do impeachment na última quinta-feira, quando os 24 deputados presentes aprovaram o relatório favorável ao afastamento.

Witzel anunciou pelo Twitter que vai participar da sessão. O ex-juiz poderá se manifestar após as falas dos deputados, antes da abertura do painel de votação. Em vídeo enviado para parlamentares na última terça-feira, Witzel já havia feito um apelo, afirmando que o parlamento estaria sendo “induzido ao erro”. “Dizem que eu recebi milhões de reais em corrupção, só que, até agora, o que encontraram são rendimentos declarados no meu imposto de renda. O governador Wilson Witzel precisa terminar o seu mandato”, afirmou.

Nos bastidores da Alerj, a única dúvida é sobre quantos deputados estarão presentes. Nenhum voto a favor do governador afastado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde o dia 28 de agosto está sendo esperado.

— Acho que o governador nem devia perder o tempo dele indo lá fazer discurso. A Casa está unida nessa questão — disse um deputado, que preferiu não ser identificado.

O provável afastamento pela Alerj deve selar o destino de Witzel, que ainda tenta reverter a decisão do STJ com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), apresentado no dia 14. A ação ainda não tem relator definido, e o ex-juiz precisa de uma decisão em tempo recorde para voltar ao cargo antes da votação.

Autor do pedido de impeachment e um dos deputados mais antigos da Alerj, Luiz Paulo (PSDB) acredita que o placar de dois terços, ou 47 votos pelo afastamento, será atingido com folga. Ele destaca que a aprovação unânime do relatório na comissão, que tinha um representante de cada partido, mostrou a tendência do plenário.

— O quadro é profundamente desfavorável ao governador. Antes de ser afastado, ele teria no máximo 12 votos, hoje nem isso — calcula.

Aliado desconversa

Único deputado a não votar pelo início do processo em consulta feita pelo presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), antes da abertura do processo, em junho, Rosenverg Reis (MDB) despista. Mas o deputado Márcio Canella, indicado por Reis para a comissão especial, foi favorável ao relatório.

— Eu ainda não li o relatório. Vou analisar durante o fim de semana e fechar uma posição até o começo da semana que vem — afirma.

Para outro deputado influente na Casa, a presença de Witzel na votação deverá ter um efeito menor do que se espera. Como a sessão é semipresencial, parlamentares mais próximos do ex-juiz devem evitar o plenário.

— Com certeza, poderia se sentir pressionado a votar a favor vai evitar tocar nesse fio desencapado e participar por videoconferência — disse.

Bancada do Crivella

Líder do Republicanos, partido do prefeito Marcelo Crivella, que foi alvo de dois pedidos de impeachment rejeitados recentemente pela Câmara de Vereadores, Carlos Macedo diz que os quatro deputados do partido também devem ser favoráveis ao impeachment.

— Mesmo ainda não tendo conversado com a bancada, penso que deverão seguir o voto que apresentei na comissão — afirma Macedo.

Se o impeachment for aprovado, o processo será encaminhado ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) para a formação de uma comissão mista de julgamento. Esse grupo, formado por cinco parlamentares escolhidos pela Alerj e cinco desembargadores sorteados, coordenado pelo presidente do TJ-RJ, Cláudio de Mello Tavares, é que dá a palavra final sobre a cassação de Witzel. O prazo para a conclusão dessa fase de julgamento é de até 180 dias.