POLÊMICA PRESIDENCIAL

Incêndio, briga e bate-boca: entenda a disputa que pode definir candidatura de Caiado a presidente em 2026

A queda de braço entre Caiado e Luciano Bivar pode colocar o goiano de vez na disputa presidencial em 2026

A disputa pela presidência da direção nacional do União Brasil pode ter culminado na eleição do advogado Antônio Rueda, mas ganhou contornos de terceiro tempo com uma “disputa interna” entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, um dos cacifes do partido e agora o ex-presidente da legenda, o deputado federal Luciano Bivar, intensificada nas últimas semanas. 

O racha no União Brasil, que já existe desde antes do pleito, mas se intensifica com um incêndio na casa de praia que Rueda tem em Ipojuca, no litoral pernambucano, na última terça (12). Na ocasião, Caiado acusou Bivar de participação e pediu a cassação de seu mandato como deputado federal. 

A queda de braço que Caiado comprou com o ex-presidente pode definir até mesmo se o sonho de sua candidatura à presidência da República, em 2026, sairá do papel e romperá as fronteiras goianas.

O cheiro da fumaça do incêndio na residência de Rueda ainda era sentida quando Caiado concedeu entrevista à GloboNews fazendo associações criminosas a Bivar. “Lógico que é criminoso”, apontou ele ao denunciar a conduta do ex-presidente do partido, Luciano Bivar. “Ele fez ameaças à família e ao novo presidente do partido. Achou que poderia decidir tudo sozinho monocraticamente. Perdeu e não consegue aceitar”, afirmou ao programa Conexão da GloboNews.

Caiado não só acusou como passou a trabalhar nos bastidores contra Bivar pedindo sua cassação. “O União Brasil fará uma representação junto ao TSE para que esse crime seja investigado. Nós também vamos pedir a cassação do mandato de Luciano Bivar”, escreveu no X (antigo Twitter). Bivar respondeu e disse que Caiado e seus opositores terão de provar suas acusações.

Mesmo antes da eleição, já havia clima de fervura incendiária nos bastidores internos. Caiado nunca escondeu sua predileção sobre Rueda enquanto Bivar acusava o concorrente de estar envolvido em “atos ilícitos”. Chegou a dizer que apresentaria uma espécie de dossiê que mostraria ilicitudes no partido e induziu colegas a acreditarem que se tratava de Antônio, embora não citasse o nome do adversário.

Vale um contexto: Luciano Bivar era presidente do PSL – sigla que elegeu o ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2018 – e foi alçado à presidência do União Brasil com a fusão entre a legenda liberal e o Democratas, partido do governador Ronaldo Caiado. Ou seja: Caiado e o ex-mandatário nunca foram próximos, mas compartilhavam dos mesmos interesses políticos.

Com a eleição no dia 29 de fevereiro, Antônio Rueda só assumiria o comando da legenda em junho, mas já havia declarado que a relação com o governo Lula seria “rediscutida”. O partido conta com três ministérios em Brasília e em tese faz parte da base de apoio.

É que Rueda foi eleito presidente do União Brasil com apoio do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e é um dos entusiastas que o partido lance candidatura própria à presidência da República, em 2026. Já Bivar defende que a legenda mantenha sua base de apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no projeto de reeleição.

Com a consolidação da mudança de partido a partir de junho, Caiado poderá construir dentro do União Brasil o caminho para sua pré-candidatura a presidente da República. Rueda é um dos entusiastas e se aproximou do governador de Goiás ao longo dos últimos meses. Caso vençam a “queda de braço”, o partido deverá entregar os cargos no Governo Lula e começar a trilhar os caminhos da oposição. Neste caso, a pré-candidatura à presidência da República do governador Ronaldo Caiado deverá ser pavimentada dentro do próprio União Brasil.