APURAÇÃO

Tentativa de golpe: investigação contra Braga Netto rastreia transação de dinheiro em Goiânia

O ex-ministro transportou dinheiro vivo para Goiânia, usado para comprar celular que monitorou autoridades

A investigação da Polícia Federal sobre Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro, rastreou uma transação de dinheiro em Goiânia e Brasília, usado para financiar a tentativa de golpe em 2022, após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. A corporação apura o repasse de dinheiro “junto a pessoas do agronegócio”, conforme afirmou o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro.

Segundo a PF, Braga Netto transportou cerca de R$ 2,5 mil para Goiânia, em “uma sacola de vinho” e entregou ao major Rafael de Oliveira. Em dezembro de 2022, a esposa do major comprou um celular usado para monitorar autoridades após a eleição de Lula. O ex-ministro foi preso na última semana, por indícios de que ele ajudou a financiar um plano para sequestrar e assassinar autoridades.

As apurações rastrearam recargas de celular pagas em dinheiro vivo em uma farmácia de Brasília, relacionadas ao grupo “Copa 2022”, que também fazia parte da tentativa de golpe em 2022.

Em documentos apreendidos, a Polícia encontrou detalhes sobre a operação, que envolvia a utilização de celulares descartáveis para ocultar as identidades dos envolvidos. A ação criminosa tinha como objetivo a prisão ou execução do ministro Alexandre de Moraes, com o uso de tecnologia para disfarçar os responsáveis.

Investigação contra Braga Netto detectou financiadores da tentativa de golpe em 2022 em Goiás

A Polícia Federal também investiga diversos pen drivers apreendidos com o assessor de Braga Netto, Flávio Botelho Peregrino, que podem fornecer mais pistas sobre o financiamento do golpe. A conexão com o agronegócio já havia sido apontada em investigações anteriores, como a participação de produtores rurais em ações antidemocráticas, como bloqueios de rodovias após a derrota de Bolsonaro nas urnas.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou membros do agronegócio como líderes em protestos em Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Roraima, e como financiadores de ações extremistas, como as ocorridas em 8 de janeiro.