Investigação conclui que Flordelis mandou matar marido; polícia faz buscas
Como tem foro privilegiado, a parlamentar não será presa agora. PC cumpre 11 mandados de prisão e outros de busca e apreensão contra a deputada e familiares
A deputada federal Flordelis (PSD-RJ) foi denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Polícia Civil como a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, morto em 2019. Como tem foro privilegiado, a parlamentar não será presa agora.
Na manhã desta segunda-feira (24), a Polícia Civil cumpre 11 mandados de prisão e outros de busca e apreensão contra a deputada e familiares em endereços ligados aos réus em Niterói, na casa onde mora a parlamentar, São Gonçalo, Rio de Janeiro e Brasília, onde ela possui um apartamento funcional. Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 3ª Vara Criminal de Niterói.
Segundo a CNN Brasil, seis pessoas já foram presas, sendo cinco no Rio e uma em Brasília. A pessoa detida na capital federal é Rayane dos Santos Oliveira, neta de Flordelis, presa no apartamento funcional da deputada.
A operação é conduzida pelo MP-RJ, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Civil, por meio da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNSG),
Todos os mandados de prisão são contra familiares do pastor. Dois filhos da deputada já estão presos. São alvos dos mandados de prisão preventiva os também denunciados Marzy Teixeira da Silva, Simone dos Santos Rodrigues, André Luiz de Oliveira, Carlos Ubiraci Francisco da Silva, Rayane dos Santos Oliveira, Flávio dos Santos Rodrigues, Adriano dos Santos Rodrigues, Andrea Santos Maia e Marcos Siqueira Costa.
Por ter foro privilegiado, Flordelis não é alvo de prisão na operação que a polícia e o MP realizam hoje. Ela é acusada de homicídio triplamente qualificado, homicídio tentado, associação criminosa, uso de documento ideologicamente falso e falsidade ideológica.
“O importante é que as prisões foram cumpridas”, disse o delegado Antônio Ricardo, titular da DHNSGI, em entrevista à GloboNews ao deixar a casa da parlamentar em Niterói. “A investigação chegou a essa conclusão. A motivação é porque ela estava insatisfeita com a forma como o pastor Anderson tocava a vida e fazia a movimentação financeira. Todas as buscas que foram feitas mostraram que essas pessoas estavam envolvidas. São 11 pessoas respondendo criminalmente. Temos 20% da família envolvida nesse crime”, completou.
Denúncia
A denúncia apresentada à Justiça aponta que Flávio dos Santos Rodrigues, em conluio com Lucas Cézar dos Santos de Souza, Flordelis e os demais denunciados, participaram do assassinado de Anderson do Carmo de Souza, em 16 de junho de 2019. O pastor foi morto na casa da família em Niterói.
De acordo com o delegado Allan Duarte, a primeira fase da investigação identificou Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da deputada, como executor do crime e Lucas César dos Santos, filho adotivo do casal, como a pessoa que comprou a arma utilizada no assassinato.
Segundo a investigação, Flordelis planejou o homicídio e foi responsável por arregimentar e convencer o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio. A deputada também financiou a compra da arma e avisou da chegada da vítima no local em que foi executada, segundo a denúncia.
O motivo do crime, descreve a denúncia, seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis, em detrimento de outros membros da numerosa família.
As ações dos demais denunciados são descritas em diferentes etapas como no planejamento, incentivo e convencimento para a execução do crime, assim como em tentativas de homicídio anteriores ao fato consumado, pela administração de veneno na comida e bebida da vítima, ao menos seis vezes, sem sucesso, segundo apontaram as investigações.
A parlamentar e os demais denunciados são acusados de usar documento falso, por tentarem, através de carta redigida por Lucas, atribuir a pessoas diversas a autoria e ordem para a prática do homicídio. Segundo a denúncia, o executor Flávio tinha o objetivo de livrar ele próprio e Flordelis da responsabilização do crime. Flordelis também tinha o objetivo de vingar-se de dois de seus filhos “afetivos” que não teriam aceitado as ordens de calar ou faltar a verdade durante os depoimentos. Os réus responderão também por associação criminosa.