Iris Rezende lutou para fortalecer o MDB em Goiás
A trajetória de Iris Rezende (MDB) se confunde com a redemocratização no Brasil. O emedebista…
A trajetória de Iris Rezende (MDB) se confunde com a redemocratização no Brasil. O emedebista de 87 anos, que morreu nesta terça-feira (9) após ficar internado por três meses em um hospital de São Paulo, surgiu para política ainda em 1958, quando foi eleito vereador por Goiânia, mas acabou cassado pela ditadura militar em 1969. Ele ressurgiu como governador eleito em 1982, quando o período de antidemocrático do País dava sinais de arrefecimento.
A passagem de Iris Rezende pela prefeitura de Goiânia (a primeira de quatro) foi interrompida antes da hora pelo regime militar que começava naquela época, e que escolheu Leonino Caiado para ser o prefeito interventor na Capital.
Assim, a trajetória política do líder emedebista ficou sobrestada até o ocaso da ditadura. Embalado pelo crescimento do único partido de oposição nos anos 1980, o PMDB, Iris liderou a campanha pelas eleições diretas para presidente da República (Diretas Já) em Goiás e se elegeu governador em 1982.
Como uma das estrelas do PMDB, foi convidado pelo então presidente José Sarney para ser ministro da Agricultura, cargo que ocupou entre 15 de fevereiro de 1986 a 14 de março de 1990.
Recusa de se filiar à Arena
A história política de Iris também passa pela recusa a se filiar à Arena, partido com ligação estreita com a ditadura militar, e liderança do movimento histórico das Diretas, Já. No entanto, essa recusa pode ser vista em perspectiva, já que faz parte das movimentações da política local.
O cientista político Guilherme Carvalho avalia que a trajetória de Iris é a da redemocratização brasileira. Mas é importante pontuar que as disputas regionais durante a vigência do bipartidarismo estavam ligadas à ideia das rivalidades dos grupos políticos locais.
“Assim, a recusa de Iris em ir para o Arena tinha mais relação com o grupo ao qual era ligado antes, ou seja, o antigo PTB. Aquele de Getúlio Vargas. Além disso, o ex-governador tinha ideias próximas ao Partido Social Democrático de Juscelino Kubistchek, de abertura de estradas e expansão urbanística”, aponta o cientista político.
Questões partidárias
A questão partidária antes da redemocratização seria, então, uma questão menor na história de Iris Rezende. Guilherme Carvalho salienta que o ex-governador trabalhou para consolidar o MDB em Goiás como a principal força política do Estado.
“Essa consolidação do MDB é central, o que o mostra como um homem de partido, que valoriza a estrutura partidária como projeto de gestão, para que grupos se aloquem para discutir modelos de administração. Homens deste tipo, como foi Iris, estão em extinção. Ele é uma peça rara neste sentido e fica como legado para a nossa história”, salienta.
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