Irmã de Marielle chora ao depor sobre desembargadora que espalhou mentiras
Interrogatório se deu no âmbito do processo movido pela família contra a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio, por espalhar notícias falsas sobre a vereadora
A irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, Anielle Franco, chorou ao prestar depoimento à Justiça na tarde desta segunda-feira, 16. O interrogatório se deu no âmbito do processo movido pela família contra a desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio, por espalhar notícias falsas sobre a vereadora.
“Já era um momento ruim, difícil, sem saber o que estava acontecendo. Ter que lidar com mais isso foi difícil, complicado Deu uma indignação, uma raiva. Uma mistura de sentimentos”, disse a irmã de Marielle. O depoimento durou cerca de meia hora na sala de audiências da 9ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
Durante as perguntas feitas pela defesa da desembargadora, o advogado dela questionou se Anielle tinha conhecimento de que, antes de Marília espalhar no Facebook que Marielle seria “engajada com bandidos”, a magistrada havia lido essa alegação mentirosa num grupo de WhatsApp, em mensagem enviada por uma advogada de nome Ester Eloisa Addison, de Santa Catarina – procurada, Ester disse que essa versão não tem embasamento, e que até então nunca tinha ouvido falar sobre isso.
Anielle afirmou que não tinha conhecimento dessa mensagem. O entendimento da família de Marielle é de que a desembargadora deu início a boatos que tentaram ligar a vereadora do PSOL ao crime organizado. Marília prestará depoimento nesta terça-feira, 17, às 10h30. Pela atuação da defesa no interrogatório de Anielle, a estratégia deve ser de alegar que a magistrada apenas compartilhou sem checar o que teria chegado até ela no WhatsApp.
Após o depoimento, questionada pela imprensa, Anielle disse que a família vai procurar saber mais informações sobre essa versão defendida pelos advogados de Marília. A irmã da vereadora também voltou a ressaltar a dor de, após uma morte como a de Marielle, ainda ter que lidar com mentiras. “Ouvir que ela era mulher de bandido e foi financiada por traficante dói. Mas temos que combater fake news”, afirmou.