CASH DELIVERY

Jayme Rincón diz ter sido alvo de perseguição política e chama procuradores de “canalhas”

Ele nega que houve entrega de dinheiro em apartamento de um dos filhos dele, conforme denúncias de delação premiada da Odebrecht

Jayme Rincón diz que houve perseguição política e chama procuradores de canalhas (Foto: Jucimar Sousa - Mais Goiás)

O ex-presidente de Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop), Jayme Rincón, disse que ninguém foi mais investigado que ele e Marconi Perillo (PSDB) em Goiás. Ele nega que houve entrega de dinheiro em apartamento de um dos filhos, conforme denúncias de delação premiada da Odebrecht. As declarações foram feitas durante entrevista coletiva realizada em Goiânia na manhã desta terça-feira (3), depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) retirou as denúncias da Operação Cash Delivery da Justiça Federal. Matérias agora serão apreciadas pela Justiça Eleitoral.

“Eu jamais iria autorizar que se entregassem dinheiro em apartamento que viviam meus filhos. Essa entrega de dinheiro, mesmo que tivesse sido entregue, não tem relação com corrupção, mas sim com Caixa 2 de campanha. Não houve contrapartida. Se não houve, então não houve corrupção. Não houve essa entrega de dinheiro”, diz.

Jayme Rincón afirmou ainda que, durante seu período de prisão, em 2018, sofreu chantagem. Segundo o ex-presidente da Agetop, a prisão de seu filho fez parte do que chamou tentativa de chantagem e humilhação para que ele delatasse Marconi Perillo.

“Esses dois canalhas [procuradores da República] prenderam meu filho, que nunca ocupou cargo público. Prenderam meu filho para me chantagear e me humilhar. Falaram para mim que iriam prender minha filha, já que eu não estava colaborando. Eu respondi que eles estavam indo longe demais e que eles iriam pagar. ‘Vocês vão ver o que é um homem louco, façam isso e arquem com as consequências”, reforçou.

O ex-presidente da Agetop diz ainda que houve seletividade nos alvos das investigações e afirma que havia outros políticos goianos citados nas delações, como o de Ronaldo Caiado, Iris Rezende, Maguito Vilela e Daniel Vilela, no entanto, não houve investigação sobre eles.

“Ninguém foi tão investigado quanto eu e Marconi. Se esses políticos que estão nos atacando tivessem 1% da vida investigada. O atual governo estadual não fez outra coisa. As condições das estradas estão assim porque não trabalharam, só investigaram. Abriram seis inquéritos, ridículos, e dois já foram arquivados, um sem me incluir, e outros vão também”, criticou.

Arquivamento

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, acatou parcialmente pedido da defesa de Jayme Rincón e decidiu retirar denúncias da Operação Cash Delivery da Justiça Federal. Assim, o processo passa a ser analisado pelo Justiça Eleitoral.

Gilmar Mendes acatou parcialmente pedido de habeas corpus da defesa de Jayme Rincón e entendeu que a Justiça Federal não tem competência para apreciar a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal em 2019, sob resultado da Operação Cash Delivery.

Lava Jato

Os advogados de Jayme Rincón avaliam que ao remeter o processo à Justiça Eleitoral, o STF acatou a nulidade das investigações, que caminham para serem arquivadas. Eles compararam os métodos da Operação Cash Delivery com os da Operação Lava Jato.

Neste sentido, o s advogados Romero Ferraz Filho e Cristiano Zanin Martins apontaram que houve perseguição política a Jayme Rincón e reconhecimento, a partir da decisão do STF, de manipulação de competência, já que parte do processo fora enviado à Justiça Federal, acarretando na extinção da própria Cash Delivery.

Eles afirmam que, assim como ocorreu na Operação Lava Jato, houve em Goiás, com a Cash Delivery, manipulações de investigações para atingir objetivos político-partidários. Para isso, elencam posicionamentos de procuradores no Twitter, com formulação de enquetes em redes sociais, “demonização” dos alvos pré-definidos (Marconi e Jayme) e delações pagas para apresentar versões desejadas pelo órgão acusatório.

Além disso, apontaram o que chamaram de “série de coincidências” entre as fases das investigações e o calendário político de 2018, cujo resultado, que tinha Marconi Perillo em primeiro lugar nas pesquisas para o Senado e terminou em quinto, fora induzido.