João Campos indicou parentes de pastor preso em operação da PF para secretaria, diz prefeitura de Goiânia
Filho e genro de Arilton foram nomeados como assessores jurídicos em 25 de maio do ano passado
O deputado federal João Campos (Republicanos) foi quem indicou o filho e o genro do pastor Arilton Moura, suspeito de corrupção no Ministério da Educação (MEC), para cargos comissionados na secretaria municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). A informação foi divulgada pelo O Popular e confirmada pela assessoria da prefeitura de Goiânia ao Mais Goiás.
Tanto o genro do pastor, Helder Diego da Silva Bartolomeu, quanto o filho, Victor Iuri Moura Correia, foram nomeados como assessores jurídicos em 25 de maio do ano passado, com exoneração em 10 de maio de 2022. Helder, segundo a prefeitura, não chegou a comparecer para trabalhar, tendo processo administrativo aberto em 15 de junho de 2021, que foi concluído na época da exoneração.
“Com o final da apuração administrativa, a exoneração foi formalizada no Diário Oficial do Município em 10 de maio de 2022. Portanto, Helder Diego da Silva Bartolomeu não exerceu cargo público na administração”, informou a prefeitura. E ainda: “Logo que instaurado o procedimento, houve o devido bloqueio de salário, em julho de 2021, o que impediu que fossem realizados pagamentos indevidos. O processo também assegura a devolução de eventual quantia paga.” Em relação a Victor, o portal não teve retorno se o caso dele foi o mesmo do genro de Arilton.
Helder e Arilton foram presos na quarta-feira (22) durante a Operação Acesso Pago, da PF, junto com o pastor Gilmar Santos, o ex-ministro do MEC Milton Ribeiro e o ex-gerente de projetos da Secretaria Executiva do Ministério Luciano de Freitas Musse. Todos foram soltos na quinta-feira (23).
João Campos
João Campos é presidente estadual do Republicanos, mesmo partido do prefeito Rogério Cruz. O deputado federal, contudo, faz parte de uma igreja diferente – nas eleições deste ano, inclusive, eles estarão em lados opostos, já que Rogério defende apoio à reeleição de Ronaldo Caiado (União Brasil), enquanto João se lançou como pré-candidato ao Senado na chapa de Gustavo Mendanha (Patriota).
O portal procurou a assessoria do deputado federal que se comprometeu a dar um posicionamento. Assim que houver um retorno, esta matéria será atualizada.
Operação da PF
A ação da PF, deflagrada na manhã de quarta-feira, investiga corrupção e tráfico de influência para liberação de verbas públicas no MEC. Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão em Goiás, Distrito Federal, São Paulo e Pará, além de medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados.
Segundo as apurações, os envolvidos utilizavam a influência no Ministério para conseguir liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, vinculado ao MEC. As ordens judiciais foram emitidas pela 15ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Distrito Federal. As investigações estão sob sigilo.
Lobby no MEC
Cabe lembrar que, no último dia 21 de março, o jornal “Folha de S. Paulo” divulgou áudio em que mostra um suposto “gabinete paralelo” no Ministério da Educação. Em conversa gravada e obtida pela reportagem, o então ministro Milton Ribeiro diz atender uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro e que o Governo Federal prioriza prefeitos cujos pedidos de liberação de verba foram negociados com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que teria pedido 1 kg de ouro para liberar dinheiro no MEC.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar […] porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender todos os que são amigos do pastor Gilmar”, afirma o ministro em conversa entre os religiosos e alguns prefeitos.