João Doria não terá vida fácil na disputa de 2022

A vida para João Doria não está nada fácil. É inconteste que o que temos de vacinação no Brasil é mérito pessoal do empenho do governador de São Paulo. Quase a totalidade dos brasileiros que estão imunizados contra a covid-19 receberam a vacina articulada por Doria. Sejamos claros: se não fosse por ele, não teríamos Coronavac no Brasil. Mesmo com esse feito, Doria não consegue capitalizar politicamente os louros desse ação. E o que pode salvar o governo Bolsonaro é justamente a vacinação. Que está sendo feita majoritariamente com Coronavac. A coisa é maluca mesmo, nobre leitor.

Os números de pesquisas divulgadas recentemente mostram que a população não deu para Doria o reconhecimento por esse feito. Por que isso acontece? Arrisco uns chutes.

O perfil de Doria é muito peculiar dentro do espectro político brasileiro. Com um discurso muito mais à direita do que era a tradição do PSDB, ele se mostrou aceitável para o eleitorado tucano. Doria se vendeu como um outsider da política e teve êxito nas duas disputas que empreendeu.

Mas não foi fácil. Ele aliou-se a Bolsonaro para ganhar por um triz a eleição ao governo do estado de São Paulo. Mas agora esse apoio cobra seu preço. O público bolsonarista exige lealdade em 100% dos atos. Como Doria se contrapôs ao governo em vários em momentos, em especial no combate à pandemia, ele perdeu esse público. E quem já não votava no Doria antes do alinhamento a Bolsonaro, continua não votando.

Hoje, o voo presidencial de Doria está ameaçado. E digo mais: até mesmo a disputa para a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes está longe de ser uma barbada. Ou você acha que o eleitor direitista do interior de São Paulo, a rapaziada do agronegócio bolsonarista das pequenas cidades paulistas ou os evangélicos irão novamente de Doria quando certamente terão um nome do bolsonarismo raiz chamando-o durante toda campanha de “calcinha apertada”? Acho difícil.

E o pior é que Doria corre risco de perder o mandato justamente pelos seus acertos. E quem disse que uma disputa eleitoral é coisa justa?

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil