Justiça

Justiça manda soltar ex-DJ suspeito de hackear autoridades da Lava Jato

O ex-DJ Gustavo Henrique Elias Santos, de Araraquara (SP), está preso preventivamente desde julho, quando foi deflagrada a Operação Spoofing, para investigar as invasões do aplicativo

Segundo o advogado, caberá à Polícia Federal providenciar o transporte de Elias Santos para Araraquara, onde sua mora sua família, conforme decidido anteriormente pela Justiça durante audiência de custódia realizada em agosto

O juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, mandou soltar na noite da última quinta-feira (19) um dos suspeitos de envolvimento no hackeamento do Telegram do ministro Sergio Moro (Justiça) e de procuradores da Lava Jato. O ex-DJ Gustavo Henrique Elias Santos, de Araraquara (SP), está preso preventivamente desde julho, quando foi deflagrada a Operação Spoofing, para investigar as invasões do aplicativo. Ele obteve o direito de responder em liberdade. “Após requerimento de liberdade provisória, dr. Vallisney concedeu liberdade para Gustavo, entendendo, nos moldes do que declarei sobre o relatório da Polícia Federal, não haver motivos para a manutenção da prisão preventiva”, afirmou o advogado do suspeito, Ariovaldo Moreira.

Segundo o advogado, caberá à Polícia Federal providenciar o transporte de Elias Santos para Araraquara, onde sua mora sua família, conforme decidido anteriormente pela Justiça durante audiência de custódia realizada em agosto. Elias Santos é um dos seis indiciados pela Polícia Federal sob suspeita de integrar organização criminosa e também de invadir dispositivo informático alheio e interceptar comunicação telemática ilegalmente. A PF concluiu o relatório do inquérito nesta quarta (18) e o remeteu à Justiça Federal.

As mensagens de Telegram obtidas com as invasões foram repassadas ao site The Intercept Brasil e geraram uma série de reportagens, inclusive em parceria com outros veículos. As mensagens puseram a Lava Jato sob escrutínio por indicarem uma possível combinação entre o então juiz Moro e procuradores de Curitiba. Ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do Intercept, não foi imputado nenhum crime. A PF apontou que o jornalista, em mais de um diálogo com os hackers, na condição de fontes, se mostrou cauteloso quanto a não participar da execução do crime. A ex-deputada Manuela d’Ávila (PC do B), que fez a ponte entre o hacker e Greenwald, também não foi apontada como suspeita pela PF.

O relatório do inquérito, que levou quase seis meses, não chega a eventuais mandantes da invasão do Telegram nem à possível motivação do crime. A PF informou que abrirá nova investigação para apurar possível crime de obstrução de investigações envolvendo organizações criminosas, com o objetivo de esclarecer essas questões. Além de Elias Santos, os demais indiciados são Walter Delgatti Neto, apontado como o cabeça das invasões, Thiago Eliezer Martins Santos, especialista em informática que morava em Brasília, Luiz Molição, amigo de faculdade de Delgatti em Ribeirão Preto (SP), Danilo Marques, aprendiz de eletricista e amigo de Delgatti, e a estudante Suelen Oliveira.

Desses, Suelen, mulher de Elias Santos, e Molição já estão soltos. Suelen conseguiu um habeas corpus no TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região). Molição assinou acordo de delação premiada com a PF e pôde esperar o processo em liberdade. A delação foi homologada pelo juiz Vallisney no início deste mês.