Lei Murilo Soares manda polícia priorizar crimes contra crianças e adolescentes em Goiás
Tramita na Assembleia Legislativa um projeto que cria a lei Murilo Soares, em homenagem ao…
Tramita na Assembleia Legislativa um projeto que cria a lei Murilo Soares, em homenagem ao garoto de 12 anos de mesmo nome que desapareceu após abordagem policial, em Aparecida de Goiânia, há 15 anos. O texto de autoria da deputada estadual Adriana Accorsi (PT) determina a prioridade nas investigações para apuração de crimes contra a vida e desaparecimentos que tenham como vítima crianças ou adolescentes em Goiás.
“É um dos casos mais cruéis e que permanece sem solução”, afirmou a deputada, que acompanhou a investigação do caso quando estava à frente da Superintendência de Direitos Humanos da Secretaria de Segurança Pública.
Ao Mais Goiás, a parlamentar disse as crianças são vítimas indefesas, sem condições de se defender dessas violências, muitas vezes praticadas por pessoas que deveriam protegê-las. “Se temos uma sociedade onde os mais inocentes são vítimas de violência, o que poderá acontecer aos demais?”, indaga.
Ela aponta, ainda, que estatísticas demonstram que crianças são assassinadas 3h após o seu rapto. “Por isso é importante a prioridade máxima de investigação nesses casos”, relata ao completar que luta, também, pela criação de uma Delegacia de Pessoas para haver estrutura para garantir essa prioridade.
Em Aparecida
Em Aparecida de Goiânia, a Câmara Municipal aprovou, no ano passado, um projeto de lei que muda o nome Parque da Criança, no setor Mansões Paraíso, para Parque da Criança Murilo Soares. O texto foi sancionado pelo prefeito Gustavo Mendanha (MDB) ainda em novembro.
Vale lembrar, a mãe do garoto, Maria das Graças Soares, recebeu neste ano uma certidão de óbito do garoto. “Murilo desapareceu após uma abordagem policial, em 2005. A mãe ficou revoltada quando recebeu a certidão, pois ela não queria isso, mas uma resposta. Eu era amigo do Murilo, jogava bola com ele”, revela o então vereador propositor da matéria, Willian Panda (PSB) – hoje secretário de Habitação.
Segundo o parlamentar, o texto foi proposto após ele ser procurado pelo grupo de mulheres Mães de Maio do Cerrado. “São mulheres que perderam maridos ou filhos para violência policial”, explica.
Caso
Murilo desapareceu após uma abordagem policial em 22 de abril de 2005, quando foi buscar – a pedido do pai – uma bateria de caminhão de carro com um amigo de 21 anos, o servente Paulo Rodrigues. Segundo informações, ele foi parado por policias do grupo Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) e, enquanto o motorista foi revistado, ficou de pé ao lado do veículo.
Apesar de aproximadamente 30 pessoas terem visto a abordagem, os dois nunca mais foram encontrados. Eles foram vistos pela última vez na Rua Tapajós, na Vila Brasília, Aparecida. Paulo tinha antecedentes criminais e o carro dele foi localizado somente no dia seguinte, mas carbonizado. Nenhum corpo foi encontrado até hoje.
Oito policiais foram acusados de latrocínio (roubou seguido de morte). Eles foram absolvidos pela justiça por falta de provas materiais.