Líder do governo garante que administração estadual manterá controle da Saneago
Estatal discute a venda de 49% das ações, por meio de oferta pública inicial; deputado de oposição acredita em privatização nos moldes da Celg
A Comissão de Valores Mobiliários da Saneago já analisa a venda de 49% das ações da empresa, conforme informou o líder do governo na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (MDB). Apesar disso, conforme o parlamentar, o Estado, que hoje detém o controle da estatal, o manterá, mesmo que haja a negociação.
Conforme publicado na coluna Giro, de O Popular, o governo já enviou a Casa de Leis um projeto para regulamentar a operação e a empresa marcou uma assembleia geral extraordinária, para o próximo dia 18, para tratar sobre a abertura de capital. A venda seria feita por meio de oferta pública inicial, ou IPO, conforme sigla em inglês.
Bruno reforça que tudo ainda é analisado em trâmite interno na empresa. “Ainda não existe prazo [para tramitar em plenário]. Tudo está sendo debatido na Saneago e depois caberá ao governador Ronaldo Caiado (DEM) enviar ou não.”
Líder nega relação com entrada no RRF
Questionado se a matéria pode fazer parte de um passo para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do Governo Federal, o emedebista declara que a administração estadual tomará a decisão independentemente disso. “Nosso governador busca recuperar as finanças do Estado.”
Para o deputado Antônio Gomide (PT), falar em RRF para vender ações da Saneago é uma grande desculpa, pois o Estado não tem obrigação de entrar no regime. Em caso de realmente se efetivarem as vendas, o petista declara: “É um caminho que ele [governador] politicamente vai pagar o preço de entregar uma empresa importante para fazer o saneamento dos municípios mais pobres”.
Gomide ainda faz um paralelo com a privatização da Celg. “Mesmo projeto. Primeiro vendeu Cachoeira Dourada e depois a Celg. Vai fazer o mesmo com a Saneago. Passar os 49% e perder o planejamento dos investimentos que poderiam ser feitos.”
Planejamento
E lembra, ainda, que a Saneago é responsável por água e esgoto de 226 municípios. O parlamentar de oposição teme que, com essa venda, cidades como Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis sejam prejudicadas.
“A receita da estatal é de subsídio cruzado. Os municípios maiores repassam os recursos para os menores para manter o sistema. Anápolis, Goiânia e Aparecida, que dão mais receita, precisam de mais investimento. Serão as mais prejudicadas”, explica Gomide.
Ele diz que, em Goiânia, a região noroeste aguarda investimentos de esgoto e nada vai acontecer com essa mudança. Além disso, cita o projeto Linhão, em Aparecida, que traz a ligação do Rio Meia Ponte ao João Leite e que tem por intuito universalizar a água no município; já em Anápolis, ele ressalta os R$ 104 milhões prometidos pelo governo, que também podem ficar prejudicados. “É uma forma de privatizar, o que vejo como grande equívoco.”
A Saneago foi procurada para comentar sobre as afirmativas dos deputados, mas não retornou até o fechamento da matéria. O texto poderá ser atualizado.