ANÁLISE

Lira chama de “apressado” anúncio de filiação de Bolsonaro ao PL

"Talvez o anúncio tenha sido de maneira açodada, talvez o anúncio tenha sido apressado"

Lira usa lei patrocinada por ele e pede para arquivar ação que pode torná-lo ficha-suja - (Foto: Câmara dos Deputados - Divulgação)

Para o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL), houve pressa no anúncio de filiação de Bolsonaro (sem partido) ao PL. O evento tinha previsão de ocorrer em 22 de novembro, foi adiado após o gestor federal dizer que faltavam conversas para fechar a conta.

“Talvez o anúncio tenha sido de maneira açodada, talvez o anúncio tenha sido apressado, talvez o anúncio ainda careça de um amadurecimento que, eu não tenho dúvidas, o Partido Liberal e o presidente da República deverão fazer para chegar num bom termo com relação à filiação do presidente”, disse de Lisboa, Portugal, em entrevista à CNN.

Bolsonaro já esteve no PP. O partido, junto com o Republicanos, ainda pode estar no radar do presidente da República.

Recuo de Bolsonaro

Destaca-se, até a semana passada, estava certa a filiação do chefe do Executivo Nacional na data anunciada. Contudo, no domingo (14), Bolsonaro disse que a filiação dependia de mais conversa.

“O casamento tem que ser perfeito. Se não for 100%, que seja 99%. Se até lá nós afinarmos pode ser, mas eu acho difícil essa data, 22. Tenho conversado com ele [Valdemar], estamos de comum acordo que podemos atrasar um pouco esse casamento, para que ele não comece sendo muito igual aos outros”, declarou o presidente no domingo.

Após a fala, o PL emitiu uma nota assinada pelo presidente Valdemar, confirmando o recuo do partido e adiamento da filiação do presidente Bolsonaro. “Após intensa troca de mensagens na madrugada deste domingo 14 com o presidente Jair Bolsonaro, decidimos, em comum acordo, pelo adiamento da anunciada cerimônia de filiação.”

E ainda: “Portanto, a data de 22 de novembro foi cancelada, não havendo, ainda, uma nova data para o compromisso de filiação.” Posteriormente, Valdemar disse, segundo o Metrópoles, que se Bolsonaro recuar da filiação, o PL estará liberado para votar como quiser na Câmara Federal. Com 43 deputados, o partido é o maior do Centrão naquele parlamento.

Flávio Canedo, presidente do PL em Goiás, disse ao Mais Goiás que as divergências de Bolsonaro com a sigla e o recuo em relação à filiação ocorreram por interferência do filho do gestor, Carlos Bolsonaro – que é vereador no Rio de Janeiro. Segundo ele, Carlos é contra a ida do pai para o PL.

Questionado o tipo de interferência, Flávio não entra em mais detalhes. Contudo, ele acredita que a situação ainda pode ser revertida. “Os outros filhos, o Flávio e o Eduardo querem”, garante.

“O leite não derramou ainda”, reforça Flávio sobre a filiação de Bolsonaro. “Política é feita na base do diálogo, conversa, não de imposição”, destaca otimista sobre a possibilidade de manutenção da filiação. Segundo ele, o partido se reunirá com Bolsonaro, assim que ele retornar do Emirados Árabes Unidos.