ELEIÇÕES | SÃO PAULO

Lula defende decisão do PT de não apoiar Boulos em São Paulo

Com 17% da preferência do eleitorado, segundo o Datafolha, Boulos tem mais do que o dobro de votos de Tatto

O ex-presidente Lula afirmou neste domingo (15) que a decisão do candidato Jilmar Tatto (PT) de se manter na disputa pela Prefeitura de São Paulo foi soberana. Na terça (10), o ex-deputado federal e ex-secretário de Transportes da capital paulista foi procurado pela presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, para discutir a possibilidade de indicar voto em Guilherme Boulos (PSOL), o segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto.

“Ninguém poderia dizer o que ele deveria fazer. Era uma coisa dele”, afirmou Lula em entrevista coletiva à imprensa, na Escola Estadual José Firmino Correia de Araújo, em São Bernardo do Campo (Grande SP). Ele chegou ao local às 8h05 deste domingo para votar.

“O candidato [Tatto] disse: ‘Eu vou continuar candidato, eu vou continuar candidato’. Isso era somente ele que poderia falar. Eu acho que foi uma atitude correta dela [Gleisi Hoffmann], de procurar o partido para discutir isso, e eu acho que foi uma atitude soberana dele de dizer que não ia retirar a candidatura.”

O candidato a prefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho (PT), que acompanhava o ex-presidente mantendo distanciamento, sinalizou que participou da reunião e que os fatos relatados por Lula eram verdadeiros.

Com 17% da preferência do eleitorado, segundo o Datafolha, Boulos tem mais do que o dobro de votos de Tatto, que alcançou 6% -e, portanto, mais chance de chegar ao segundo turno representando o campo da esquerda.

“Algumas pessoas fizeram o movimento sem depender da direção do partido. Você tem intelectuais do partido, você tem figuras importantes do partido que fizeram documento de adesão ao Boulos bem antes da campanha começar, e nós temos que respeitar, porque as pessoas são livres para escolher os seus candidatos”, disse Lula.

O ex-presidente ainda afirmou que Gleisi Hoffman apenas cumpriu seu papel enquanto presidente do PT ao tentar demover Tatto. “Ela foi demandada, foi procurada, ela fez o que ela deveria fazer como presidente. Ela procurou quem? O candidato. E, segundo as informações, ela disse pro candidato que dependia única e exclusivamente dele”, seguiu.

A Folha de S.Paulo mostrou no sábado (14) que o estresse criado pelos apoiadores de Guilherme Boulos com o PT, pressionando o partido a desistir da campanha de Jilmar Tatto para apoiá-lo, deixou arestas -mas elas não devem impedir declaração de apoio de petistas ao psolista caso ele chegue ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB-SP).

De acordo com integrantes da bancada de deputados do partido, os rumores de que algo assim poderia acontecer prejudicam não apenas Jilmar Tatto, mas os candidatos a vereador.