Lula no Jornal Nacional: relembre a última entrevista do candidato, em 2006
Maior parte das perguntas da época era sobre o escândalo do Mensalão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta nesta quinta ao Jornal Nacional, mais uma vez como candidato à presidência da República. A diferença, como o próprio Lula notou em post em suas redes sociais, é que há 16 anos, nas eleições de 2006, seu adversário foi Geraldo Alckmin, então candidato do PSDB, que, hoje no PSB, concorre a vice em sua chapa.
“Hoje serei entrevistado como candidato no Jornal Nacional. A última vez foi na eleição de 2006, quando meu adversário era… Geraldo Alckmin. Hoje iremos juntos até lá”, disse o petista, no Twitter.
A sabatina de 2006 aconteceu no Palácio da Alvorada e teve uma duração de apenas onze minutos, com acréscimo de trinta segundos para considerações finais. A entrevista foi conduzida pelos jornalistas William Bonner e Fátima Bernardes. Atualmente, a apresentadora Renata Vasconcellos é quem divide a bancada com Bonner.
A maior parte das perguntas direcionadas a Lula, então presidente, questionava o envolvimento do mandatário no escândalo do Mensalão — gancho que o petista usou para defender a liberdade do Ministério Público para tocar investigações, mesmo contra aliados do Executivo.
— Ética significa você permitir que as instituições façam as investigações que elas precisam fazer. E o nosso governo tem trabalhado de forma excepcional para desvendar qualquer denúncia. O procurador da República, no meu governo, indicia. Em outros governos, engavetava — ressaltou na época. O atual procurador-geral da República, Augusto Aras, é constantemente acusado de subserviência ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Lula ainda afirmou que não tinha conhecimento das irregularidades envolvendo o ministro José Dirceu e outros dirigentes do partido, mas disse que afastou todos os funcionários suspeitos de desvios.
O candidato depois frisou que não cabe ao governo federal punir ou julgar os suspeitos de irregularidades, já as investigações ficam a cargo do Poder Judiciário e da Polícia Federal. “O governo não acusa, o governo age”, disse.
— Eu soube depois que aconteceu. As pessoas ousam dizer: ‘o presidente deveria saber de tudo’. Ora, vamos ser francos. Está cheio de pai e mãe que ficam sabendo que o filho cometeu um delito pela imprensa, ou quando a polícia prende. Como é que pode alguém querer que o presidente da República saiba o que está acontecendo agora na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, ligada ao Ministério da Agricultura? Como é que eu posso saber o que está acontecendo com os meus ministros que não estão aqui? — perguntou.
Quase no fim da sabatina, o assunto mudou para segurança pública. Antes de se eleger presidente, Lula costumava dizer que o Brasil não produzia cocaína. Então, Bonner pergunta o motivo pelo qual o tráfico passou a aterrorizar ainda mais a população após quatro anos de governo.
— O Brasil tem praticamente 17 mil quilômetros de fronteira, não são 17 metros. Se você tivesse um exército de 3 milhões de soldados, ou a Polícia Federal com 4 milhões, ainda assim não controlaria toda a fronteira. A Polícia Federal está desbaratando e prendendo quadrilha ligada ao narcotráfico como jamais antes. E nós não estamos apenas investindo de forma excepcional na inteligência da Polícia Federal, como estamos investindo em criar condições para que ela tenha instrumento para trabalhar — concluiu o candidato.