Eleições 2022

Lula retira ‘regulação do agro’ de diretrizes de governo entregues ao TSE

O documento, intitulado "Diretrizes para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil", mantém os mesmos 121 tópicos distribuídos pelas mesmas 21 páginas

Campanha de Lula pede ao TSE exclusão de mais de 200 publicações por fake news de bolsonaristas (Foto: Divulgação)

A campanha do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou uma nova versão de suas diretrizes de governo, neste sábado, 20, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O novo documento tem duas alterações. Uma é a retirada de menção à “regulação da agroindústria” e a outra é a inclusão de uma medida do governo do ex-presidente para combate à corrupção, de 2003.

O documento, intitulado “Diretrizes para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil”, mantém os mesmos 121 tópicos distribuídos pelas mesmas 21 páginas. As mudanças retomam a primeira versão do texto, divulgada ainda em junho.

No texto que havia sido apresentado ao TSE constava: “É imprescindível agregar valor à produção agrícola, com regulação e a constituição de uma agroindústria de primeira linha, de alta competitividade mundial”.

A nova versão, deste sábado, passou para: “É imprescindível agregar valor à produção agrícola com a constituição de uma agroindústria de primeira linha, de alta competitividade mundial”.

A outra alteração foi feita na página 19. Ao argumentar que os governos petistas criaram uma “inédita política de Estado” de prevenção à corrupção, Lula incorporou um mecanismo desenvolvido no início de seu primeiro governo, pelas mãos do então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

A primeira versão das diretrizes destacava: “Os nossos governos populares instituíram, de forma inédita no Brasil, uma política de Estado de prevenção e combate à corrupção e de promoção da transparência e da integridade pública. Criamos a Controladoria-Geral da União e fortalecemos a Polícia Federal, o Coaf, a Receita Federal e diversos órgãos e carreiras de auditoria e fiscalização”.

Agora, o texto é grafado da seguinte forma: “Os nossos governos populares instituíram, de forma inédita no Brasil, uma política de Estado de prevenção e combate à corrupção e de promoção da transparência e da integridade pública. Criamos a Controladoria-Geral da União, a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem De Dinheiro (ENCCLA) e fortalecemos a Polícia Federal, o Coaf, a Receita Federal e diversos órgãos e carreiras de auditoria e fiscalização”.

A menção à ENCCLA constava na versão do documento divulgada antes do registro da candidatura, e agora voltou ao texto. Trata-se de uma iniciativa que nasceu no Ministério da Justiça, em 2003, para viabilizar no Brasil uma dinâmica estatal com a participação de vários órgãos para combate coordenado aos crimes de lavagem de dinheiro e de corrupção.

A Estratégia ainda vigora e reúne periodicamente dezenas de órgãos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, nas três esferas, além de Ministérios Públicos e associações que atuam, direta ou indiretamente, na prevenção e combate a esses crimes. Uma das pautas desses órgãos ao longo dos anos era a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, dispositivo que levou Lula à cadeia.

A campanha de Lula informou que as mudanças são apenas revisões do texto e já estavam anunciadas, sem alterações de mérito.

Uma das principais armas da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição é saturar o histórico de acusações e suspeitas enfrentadas pelos governos petistas.

Na última semana, apoiadores de Bolsonaro atuaram para colocar entre os assuntos mais comentados do Twitter o termo “tchutchuca do ladrão”. Seria uma referência ao deputado André Janones (Avante-MG), novo aliado de Lula que é incisivo nas críticas aos bolsonaristas.

A expressão foi uma tentativa de reagir ao “tchutchuca do Centrão”, termo usado por um youtuber para atacar Bolsonaro e que foi o assunto mais comentado do Twitter, na quinta-feira, 18