OPERAÇÃO TOKENS

Mabel é alvo de operação que investiga fraudes no Ibama para beneficiar fazendeiros

Esquema, segundo a PF, causou um prejuízo estimado de R$ 150 milhões aos cofres públicos

Sandro Mabel pode ser convocado para oitivas na CPI dos Incentivos Fiscais

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (15) a operação Tokens, que investiga estelionatários que usaram dados de servidores do Ibama para fazer alterações indevidas nos sistemas do órgão por meio de certificados digitais obtidos de maneira fraudulenta. O esquema, segundo a PF, causou um prejuízo estimado de R$ 150 milhões aos cofres públicos.

As principais beneficiadas foram propriedades rurais localizadas nos estados do Pará e do Mato Grosso. A PF apurou que essas fazendas têm como sócios pessoas físicas e jurídicas de diversos estados do sul, sudeste e centro-oeste. Entre os alvos de busca está o ex-deputado federal e  presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás, Sandro Mabel (MDB). Os investigadores apontam que uma das empresas instituídas para administrar uma propriedade rural de Mabel foi beneficiada pela suposta quadrilha. Mabel era aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB) e já atuou como assessor especial de Michel Temer quando ele foi presidente.

“Foram constatados 122 desembargos irregulares em nome 54 pessoas físicas e jurídicas, com potencial prejuízo para a União da ordem de R$150 milhões em multas não recolhidas e descumprimento de embargos em áreas ambientais sensíveis da Amazônia legal”, diz a nota da PF.

Foram cumpridos 48 mandados de busca e apreensão em empresas e residências de pessoas beneficiadas pelas fraudes, além de prisões de cinco de falsificadores e estelionatários que integram a associação criminosa. As ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal do Distrito Federal e cumpridas em 29 cidades de Goiás, Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

O inquérito foi instaurado a partir da identificação, pelo Ibama, da fraudes ocorridas contra diversos de seus superintendentes, agentes e fiscais, com o uso de tokens expedidos indevidamente por falsificadores. Para chegar aos estelionatários, houve colaboração de informações de inteligência entre o Ibama e PF. Além deles, os investigadores chegou aos supostos nomes de beneficiários e servidores públicos envolvidos no esquema.