Pesquisa

Maioria vê risco à democracia em atos contra STF e Congresso, segundo Datafolha

Para 81% dos ouvidos, espalhar fake news contra esses personagens apresenta risco. Para 17%, não é o caso, e 3% não opinaram

A ampla maioria dos brasileiros considera que as manifestações pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, além dos ataques a integrantes desses Poderes com fake news, ameaçam a democracia.

A ampla maioria dos brasileiros considera que as manifestações pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), além dos ataques a integrantes desses Poderes com fake news, ameaçam a democracia.

É o que revela pesquisa do Datafolha feita em 23 e 24 de junho, com 2.016 pessoas —por telefone, para evitar contato pessoal na pandemia. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

O uso de notícias falsas contra políticos e ministros do Supremo ultrapassa os protestos de rua e em rede sociais como perigo percebido à democracia.

Para 81% dos ouvidos, espalhar fake news contra esses personagens apresenta risco. Para 17%, não é o caso, e 3% não opinaram.

Já manifestações de rua contra os Poderes Judiciário e Legislativo são vistas como risco democrático por 68%, ante 29% que não acham isso e 3% que não sabem.

Os mesmos pedidos de intervenção feitos em redes sociais atraem repúdio semelhante, de 66% dos ouvidos pelo instituto, enquanto 31% não veem problema neles e 3% não opinaram.

As críticas a esses Poderes, feitas principalmente por defensores do governo Jair Bolsonaro, são uma das tônicas da crise política pela qual o Brasil passa. Desde o começo do ano, o presidente, que historicamente é um defensor do golpe e da ditadura militar de 1964, agudizou o conflito.

Primeiro, protagonizou um embate com o Congresso sobre o manejo do Orçamento. Depois, uma série de decisões que o contrariaram no Supremo levou Bolsonaro a apoiar atos que tinham entre suas bandeiras o fechamento da corte e do Legislativo.

Tomando o cuidado de não dizer isso com todas as letras, o presidente se confraternizava com manifestantes e fazia ameaças veladas.

Além disso, ele insinuou em falas e em uma nota que poderia invocar as Forças Armadas para moderar o que considerava abuso do Judiciário.

O movimento refluiu com a prisão do ex-assessor da família presidencial Fabrício Queiroz, no dia 18, como parte da investigação sobre “rachadinha” no gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio. Desde então, Bolsonaro tem tentado passar uma imagem de maior comedimento.

Seus apoiadores, os que lhe dão 32% de aprovação geral, não veem tantos riscos democráticos nas manifestações.

Empatam em 48% com os que enxergam isso nos atos de rua. Já nas redes sociais, campo que sempre foi o centro do bolsonarismo, as ameaças aos Poderes são toleradas por 51%, ante 44% que veem ofensa à democracia.

Difundir fake news contra esses adversários é condenado, mas um pouco menos do que na população geral: 70%, enquanto 26% acham o ato inofensivo à democracia.

Empresários e os mais ricos entre os pesquisados são grupos menos sensíveis aos riscos democráticos em questão.

Entre os primeiros, 59% não veem ameaça à democracia nas ruas ou nas redes, embora 70% identifiquem isso no caso das notícias falsas.

Já os que ganham mais de 10 salários mínimos veem perigo menor (54%) nas manifestações de rua e nas redes (55%) do que a média.

Sobre as fake news, o grupo se mantém na média, com uma condenação de 79%.