Mais de 100 boletos de Flávio Bolsonaro foram pagos em dinheiro, diz MP
Segundo investigação, mensalidades escolares das filhas do senador e plano de saúde foram pagos sem que Flávio ou a esposa movimentassem dinheiro na conta bancária
Mais de 100 boletos do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foram pagos com dinheiro em espécie no período em que o filho do presidente Jair Bolsonaro foi deputado estadual, conforme investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro que investiga o suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). São boletos relacionados a planos de saúde e mensalidades escolares das filhas de Flávio. Os pagamentos não correspondem à movimentação bancária do senador e de sua esposa, Fernanda Bolsonaro.
A promotoria suspeita que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio preso ontem em Atibaia (SP), comandava um esquema de recolhimento de parte dos salários dos servidores do gabinete do hoje senador. O próprio Queiroz fez pagamentos com dinheiro vivo de pelo menos dois boletos escolares das filhas de Flávio, em 1° de outubro de 2018, nos valores de R$ 3.382 e R$ 3.560. Esta informação consta nos documentos judiciais que embasaram o decreto de prisão preventiva de Queiroz, assinado pelo juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27a. Vara Criminal do RJ.
Segundo o MP-RJ, Flávio e Fernanda não fizeram saques em suas contas nos 15 meses anteriores ao pagamento feito por Queiroz, em outubro de 2018.
Os promotores ainda analisam os pagamentos no valor de R$ 252 mil das mensalidades das duas alunas. Mas verificaram débitos de apenas R$ 95 mil registrados para o pagamento no período pelos extratos bancários de Flávio e sua esposa. Com o cruzamento de dados, o MP-RJ constatou uma diferença de R$ 153 mil, o que equivale a 53 boletos pagos em dinheiro vivo que não saiu das contas bancárias do casal.
Ainda de acordo com a investigação, também foi possível identificar o mesmo tipo de prática com relação ao plano de saúde da família, com pagamento ode R$ 108 mil em dinheiro vivo não quitados por rendimentos ilícitos de Flávio e Fernanda Bolsonaro, o equivalente a 63 boletos. O MP-RJ verificou que foram debitados das contas do casal apenas R$ 8,9 mil referentes ao plano de saúde da família.
Em um trecho da decisão que fundamentou o pedido de prisão preventiva de Queiroz, o MP-RJ cita Flávio Bolsonaro como o líder do que chama de “organização criminosa”. Ainda segundo a investigação, o grupo comeu o crime de peculato ao patrimônio familiar do político.
“As movimentações bancárias atípicas e o contexto temporal nas quais foram realizadas resultam em evidências contundentes da função exercida por Fabrício José Carlos Queiroz como operador financeiro na divisão de tarefas da organização criminosa investigada, tanto na arrecadação dos valores desviados da Alerj quanto na transferência de parte do produto dos crimes de peculato ao patrimônio familiar do líder do grupo, o então deputado estadual Flávio Nantes Bolsonaro”, diz o MP-RJ.
Da redação do Mais Goiás, com informações do portal UOL.