Marçal empata com Nunes e fica a dois pontos de Boulos, diz Datafolha
Pesquisa mostra cenário embolado a três dias da eleição para a Prefeitura de São Paulo. Marçal está em crescimento
(Folhapress) A três dias da eleição, o Datafolha aponta um cenário embolado no primeiro turno para a Prefeitura de São Paulo, com Guilherme Boulos (PSOL) registrando 26% dos votos, seguido por Ricardo Nunes (MDB), com 24%, e Pablo Marçal (PRTB), também com 24%. Os três estão tecnicamente empatados.
Na comparação com a semana passada, Nunes recuou, pois tinha 27% e oscilou três pontos para baixo. Boulos tinha 25% (variou um ponto para cima) e Marçal, que estava em terceiro lugar, com 21%, manteve a curva ascendente e teve variação positiva de três pontos, igualando ao índice do atual prefeito.
A parcela dos que não sabem é de 3% agora, mesmo patamar da pesquisa anterior. A opção pelo voto nulo ou branco é declarada por 6% dos eleitores (também eram 6%).
O cenário de indefinição até a reta final é resultado do acirramento das últimas semanas, com Nunes e Marçal disputando o eleitorado à direita e ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Boulos em tendência de estagnação, com dificuldade para avançar entre eleitores do presidente Lula (PT), seu apoiador e incentivador da nacionalização da eleição paulistana.
O Datafolha entrevistou 1.806 eleitores paulistanos de terça-feira (1º) até esta quinta (3). Encomendado pela Folha e pela TV Globo, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-09329/2024. O nível de confiança é de 95%.
No segundo pelotão, Tabata Amaral (PSB) confirmou o descolamento de José Luiz Datena (PSDB). A deputada do PSB oscilou para cima e agora chega a 11% na estimulada (tinha 9%), enquanto o apresentador tem 4% (antes marcava 6%, em empate técnico com a deputada).
A parlamentar se insurgiu nos últimos dias contra as pressões por voto útil na esquerda, após manifesto de artistas e intelectuais defender o apoio a Boulos para evitar um segundo turno “trágico”, com dois bolsonaristas, Nunes e Marçal. Tabata apela às rejeições na tentativa de se mostrar ainda no jogo.
Marina Helena (Novo) manteve os 2%.
Em votos válidos, Boulos registra 29%, seguido por Nunes, com 26%, e Marçal, também com 26%. Os três estão tecnicamente empatados.
Com a proximidade do pleito, o Datafolha também divulga a partir da pesquisa desta quinta-feira (3) as intenções de votos válidos dos eleitores, e não apenas os votos totais, como fez até aqui.
Os votos válidos excluem os votos inválidos (em branco e nulos) e são os únicos considerados pela Justiça Eleitoral para calcular os resultados. Para conquistar o cargo de prefeito, os candidatos precisam obter 50% mais um dos votos válidos, e não totais.
Em votos válidos, Tabata alcança 12% e Datena, 4%.
As três principais campanhas chegam às vésperas do primeiro turno sob a incerteza de quem tem mais chances de passar à próxima etapa. A curta distância tornou o debate desta quinta à noite na TV Globo decisivo para as campanhas, com os últimos ajustes de mensagens e estratégias.
As pressões por voto útil ocorrem em ambos os lados, declarada especialmente pela campanha de Nunes, que colocou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) no horário eleitoral dizendo que votar em Marçal é eleger Boulos, como apontam as pesquisas de segundo turno.
Colhendo o apoio de nomes influentes do universo de Bolsonaro, como Carla Zambelli (PL-SP) e Nikolas Ferreira (PL-MG), Marçal aposta no tudo ou nada para as horas pós-debate da Globo, quando pretende compensar o fim do horário eleitoral para os demais candidatos com sua força digital.
O influenciador aposta ainda em ser beneficiado por um fenômeno de voto envergonhado, segundo o qual suas reais intenções de voto não estariam sendo captadas nas pesquisas por hesitação dos entrevistados, em razão do perfil controverso, que se traduz em sua alta rejeição.
Após debates que terminaram com cadeirada de Datena em Marçal e soco de assessor do influenciador no marqueteiro de Nunes, os encontros recentes, da TV Record, no sábado (28), e da Folha/UOL, na segunda (30), transcorreram em clima mais próximo da normalidade, com Marçal mais contido, mas também foram marcados pela alta voltagem, com trocas de acusações e xingamentos.
Com Bolsonaro ausente da campanha de Nunes e Lula menos presente na de Boulos do que se esperava —o presidente desmarcou atos na cidade previstos para o último fim de semana e uma live na quarta-feira (2) por causa de viagem internacional ao México—, a polarização de 2022 não se repetiu até agora, com outros fatores guiando eleitores e candidatos.
O quadro na pesquisa espontânea, quando o entrevistado tem que responder em quem vai votar sem ter acesso à lista de candidatos, também aponta vantagem para Boulos, que mantém a dianteira, com 24% (ante 21% na pesquisa passada), seguido de Marçal, com 20% (eram 16%), que agora está numericamente à frente de Nunes, que manteve os 16%.
Mesmo com a proximidade da eleição, o percentual dos que dizem não saber em quem votar teve redução considerável: 18% —na semana passada, os indecisos correspondiam a 28%.
Desta vez, o Datafolha também perguntou àqueles eleitores que apontaram um candidato na pesquisa estimulada quando eles decidiram o voto para prefeito. A escolha foi feita no início da campanha eleitoral por 69% dos entrevistados. Outros 11% disseram que foi na semana passada, e 19% responderam que ocorreu nos últimos dias.
Os índices de conhecimento do número de urna dos candidatos ainda apontam dificuldade especialmente para Nunes, já que 30% dos eleitores que declaram voto nele dizem também não saber os algarismos do candidato à reeleição (eram 44% na pesquisa da semana passada). Uma fatia de 63% dos apoiadores sabe corretamente, e 7% erram ao tentarem responder o número do emedebista.
No quadro geral de eleitores, 30% não sabem o número de seu candidato, 59% fazem menções corretas e 9% dão respostas incorretas. Na semana passada, os percentuais eram de, respectivamente, 39%, 48% e 10%.
Os candidatos mais confortáveis em relação ao conhecimento de seus respectivos números seguem sendo Boulos, com 74% de seus apoiadores respondendo corretamente (eram 61%), e Marçal, que registra 67% (eram 61%).
Avaliação de Nunes
A avaliação de Nunes à frente da prefeitura indicou tendência de queda, com 25% dos entrevistados considerando sua gestão ótima ou boa (ante 27% no levantamento anterior). Para 27%, é ruim ou péssima (eram 23%) e, para 46%, trata-se de uma administração regular (eram 47%).