Marcha da Maconha é alvo de ataques de vereadores na Câmara Municipal de Goiânia
O lema deste ano da Marcha da Maconha é “Para apoiar, não precisa usar” e mostra do que se trata o debate provocado pelo movimento
A Marcha da Maconha, realizada no último domingo (8/10), em Goiânia, foi alvo de ataques de vereadores na Câmara Municipal de Goiânia. Na sessão desta terça-feira (10), os parlamentares criminalizaram os participantes e disseram que há necessidade de se posicionar contrário à liberação no Brasil.
Denício Trindade (MDB) disse que a liberalização das drogas é um tema que a Câmara Municipal de Goiânia tem que discutir profundamente e mostrar à sociedade uma preocupação. Segundo ele, alguns países que liberaram estariam arrependidos “amargamente devido ao crescimento do consumo”, sem citar quais.
“Passamos por alguns espaços públicos aqui na nossa cidade que tem o crack, que é o mal do século. Vários pontos da cidade com problemas seríssimos, até por conta da legislação (…) que não permite a internação compulsória. Temos que fazer nosso papel de defender a família”, disse.
Já o vereador Cabo Senna (Patriota) taxou a Marcha da Maconha como marcha dos maconheiros e vagabundos e citou o policial rodoviário federal Fabrício Rosa, como um dos organizadores do evento ocorrido em Goiânia.
“Código Penal artigo 287: é crime [Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime]. Eu cobro do Ministério Público e da Polícia Rodoviária Federal para chamar esse policial para falar sobre o assunto. Por que a maioria não tem filho e se tem não está na droga, para ir numa marcha dos maconheiros. Inclusive vi uns loucos levando os filhos no braço e cobro do Conselho Tutelar…”, criticou.
Mãe contra o preconceito
Uma das presentes na Marcha da Maconha em Goiânia é estudante de enfermagem, Caroliny Cirino, fundadora do Mães de Cannabis. Ela salienta que o evento tem a função de conscientizar a população e o governo para que legalizar para que haja produção de medicamentos a preços acessíveis no país.
Caroliny tem uma filha com paralisia cerebral e epilepsia refratária, cujo controle não pode ser alcançado com medicamento de farmácia, somente com o uso do óleo da maconha.
“Minha filha faz o tratamento há 7 anos. Eu sou a segunda mãe do estado de Goiás a conseguir autorização da Anvisa porque infelizmente para ela se tratar eu preciso importar o medicamento, já que no Brasil não tem uma produção que alcance os requisitos que ela precisa”, pontua.
Assim, ela argumenta que as famílias têm preconceitos, mas, no geral, quando elas têm a necessidade medicinal em si para salvar a vida de quem ama, fazem o que for possível. “Enfrentam a polícia, enfrentam o juiz, enfrentam a legislação. No final, sempre a família consegue quebrar o preconceito”, diz.