Entrevista

Marconi diz que Centro-Oeste carrega o Brasil nas costas

Governador diz que essa é uma região que não dá trabalho para o Brasil, mas, sim, ajuda o país a superar a crise

Em entrevista coletiva à imprensa de Cuiabá, minutos antes de receber o título de cidadania do Mato Grosso na noite desta segunda-feira (17), o governador Marconi Perillo foi enfático na defesa de seus princípios em relação às reformas da previdência, tributária e trabalhista em estudos pela área técnica do governo Federal e nas comissões afins da Câmara Federal, e na aprovação da PEC que limita os gastos da União.

Como presidente do Fórum de Governadores do Brasil Central, a qual Mato Grosso se integra como um dos seus membros mais ativos e de peso face a força de sua economia baseada na produção agropecuária, Marconi tem reiterado que o Centro-Oeste brasileiro “literalmente carrega o Brasil nas costas”.

A afirmação baseia-se nos índices de crescimento da região e sua capacidade de enfrentar e superar os desafios, alavancando o crescimento do PIB, das exportações e gerando mais empregos do que a média nacional.

Confira alguns tópicos da entrevista:

A força de Goiás e do Mato Grosso
“Goiás e Mato Grosso têm tudo para crescer e se desenvolver cada vez mais. Temos tudo para ajudar o Brasil a superar a crise. O Brasil Central é sinônimo de prosperidade, de desenvolvimento, do PIB e do emprego que crescem mais que a média brasileira, do crescimento das exportações. Essa é uma região que ajuda a carregar o Brasil nas costas. Eu tenho muito orgulho de ser desta região. Quando digo que a região carrega o Brasil nas costas não estou usando de uma força de expressão. É a pura realidade. Hoje, 50% das exportações brasileiras saem daqui do Brasil Central. Os empregos líquidos que a gente tem no Brasil, também são oriundos daqui. Essa é uma região que não dá trabalho para o Brasil. Ao contrário, é uma região que ajuda o Brasil”.

Efeitos da crise
“Essa crise que nós estamos vivendo demonstrou o tanto que a região é importante para superarmos as dificuldades. Esta é uma das mais difíceis recessões que nós tivemos em todos os tempos, a mais cruel de todas. Ela significou mais de 12 milhões de desempregados, queda nas arrecadações, no poder de compra, frustração de muitos projetos e queda da autoestima dos brasileiros. Nós precisamos devolver a esperança aos brasileiros. E para isso certamente que esta nossa região dará a sua contribuição. Não está fácil governar hoje no Brasil, nem nos estados, nem nos municípios e nem no governo federal, que passa por dificuldades enormes. A cada mês reduzem-se os repasses voluntários que são feitos aos Estados e municípios tornando a situação cada vez mais difícil. Os Estados estão cortando, fazendo ajustes, mas a situação financeira do Governo Federal não é boa”.

Medidas necessárias e urgentes
“Nós tivemos desgovernos que fizeram com que o Brasil chegasse a esse ponto. Se nós não tomarmos medidas duras, como por exemplo a aprovação da PEC do teto dos gastos, aprovação de uma reforma da previdência, de uma reforma trabalhista e tributária, o Brasil pode quebrar como a Grécia quebrou. A situação é muito séria. O Brasil, neste ano, terá um déficit de R$ 170 bilhões. Qualquer empresa teria entrado em recuperação judicial ou quebrado. O Brasil não quebrou porque emite moeda. Portanto é preciso esforço e coragem para enfrentar essas dificuldades. Mexer em alguns vespeiros significa desgaste. O governo federal vai ter que enfrentar desgastes com o nosso apoio para que o país possa de novo entrar num círculo virtuoso e com isso gerar condições para melhorar a situação dos brasileiros. Para que o Brasil comece a crescer de novo vai ser preciso sacrifícios. Caso contrário, nós vamos continuar nessa situação de desemprego, de pobreza e de miséria. Chegou a hora de o governo federal começar a baixar os juros. Com essa política de juros altos nós não vamos a lugar algum. É preciso reduzir os juros para que o Brasil volte a oferecer crédito mais barato e com isso garanta o desenvolvimento e o emprego”.

Lição de casa
“Goiás hoje é um Estado que só tem dez secretarias. Nós fizemos todos os ajustes que eram necessários. Temos que trabalhar no sentido de melhorarmos a qualidade do gasto público. O brasileiro não pode continuar trabalhando para gastar tudo o que se arrecada apenas no setor público. É preciso ter dinheiro para investir em outras áreas. Em Goiás nós somos seis e meio milhões de habitantes. É preciso que os recursos advindos dos impostos sejam distribuídos para todos e não apenas para alguns, apenas para o serviço público. O negócio é qualificar os gastos, gastar melhor”.

Eficácia das OSs
“Foi para gastar com responsabilidade que nós colocamos as Organizações Sociais nos nossos hospitais. No nosso maior hospital de urgências nós tínhamos 2.100 funcionários. Depois que o hospital passou a ser gerido por uma Organização Social, nós diminuímos para 1.100 funcionários. Conseguimos diminuir em quase 50% o número de funcionários ao mesmo tempo em que dobramos o número de leitos e de UTIs. A gente tem que melhorar salário do servidor pela eficiência, pela qualidade e não pela quantidade. Um dos erros do Brasil hoje é que tem muita gente no serviço público que trabalha muito, ao mesmo tempo em que tem muita gente que não gera produtividade. Isso chega ser uma desonestidade. Se nós precisamos de três pessoas para fazer o serviço de uma, é claro que não teremos condições de pagar mais para quem faz mais. Hoje é o tempo da meritocracia, de priorizar a produtividade e é por isso que eu não gosto dessa coisa de estabilidade no emprego. O setor privado não tem isso. Na verdade, as pessoas que produzem mais, tanto no setor privado quanto no público, tem que ganhar mais, tem que ser melhor remuneradas”.