Marconi só tem chance com o apoio de Lula
Marconi Perillo gosta dos grandes desafios. Ele poderia pegar o caminho mais fácil para reconquistar…
Marconi Perillo gosta dos grandes desafios. Ele poderia pegar o caminho mais fácil para reconquistar um mandato que seria sair para deputado federal. Também tinha a chance de escolher o de média dificuldade que seria tentar o Senado. Mas não. Ao aceitar o resultado da enquete feita com filiados do PSDB em Goiás que o colocaram como candidato a governador, ele topou uma briga gigante.
Nunca é fácil enfrentar um figurão da política local como Ronaldo Caiado. Ainda mais quando esse peso-pesado tem a máquina estadual. Marconi tem plena consciência da dificuldade dessa empreitada. Por duas vezes, concorreu como oposição ao Palácio das Esmeraldas. Em 1998 e 2010. Venceu as duas.
Ok, 1998 é uma daquelas eleições atípicas que entram para a história. E em 2010 Marconi não acumulava os desgastes de hoje. Mas essas experiências deixam aprendizados que ele hoje carrega com si.
Justamente por saber do tamanho do leão que precisa vencer que Marconi afirma ao podcast Poder em Jogo aqui do Mais Goiás que precisa de alianças para encarar a empreitada. E essas alianças necessariamente têm que ser com aqueles que já foram adversários. É fácil entender o porquê disso.
Uma boa parte daqueles que organizaram o Tempo Novo em 1998 e deram sustentação aos 20 anos desse projeto no poder estão hoje ao lado de Caiado. A começar pelo próprio governador, que naquele momento se opunha ao PMDB e trabalhou contra Iris Rezende em prol de Marconi. Se Caiado hoje está de mãos dadas com o MDB e tem Daniel Vilela de vice, Marconi tem que buscar outros grupos políticos para sustentar seu nome.
E é aí que pinta Lula.
O ex-presidente precisa de palanques robustos nos estados para enfrentar o bolsonarismo. O PT tem força em Goiânia onde já elegeu o prefeito por três vezes, mas nunca teve a mesma relevância no estado. Além disso, o voto coincidente em Bolsonaro e Caiado é expressivo em Goiás. O voto goiano em Lula não encontra par para o candidato ao governo, com todo respeito a Wolmir Amado que ainda não tem densidade política para tanto.
É aí que entra Marconi cantando Roberto Carlos para esse eleitorado que tem repulsa ao presidente e a Caiado: esse cara sou eu.
Não será fácil convencer os tucanos do interior a compartilhar o palanque com Lula. Mas, convenhamos, quem hoje está com Marconi, mesmo com tudo o que aconteceu desde 2018, é por que realmente está engajado no projeto. A política é a arte de engolir sapos. Não será tão complicado assim para o marconista que tem asco a Lula engolir este que Brizola já chamou de sapo barbudo.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução