ELEIÇÃO | GOIÂNIA

MDB vai recorrer para veicular áudio em que Vanderlan defende senador da cueca

"Um dos direitos básicos de toda a propaganda eleitoral é informar a população sobre fatos e opiniões inerentes àqueles que estão na posição de candidatos”, disse a defesa da coligação de Maguito

Vanderlan Cardoso (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

A campanha do MDB, em Goiânia vai recorrer da decisão da juíza eleitoral Liliana Bittencourt que determinou, na quinta (29), a suspensão da veiculação da propaganda eleitoral da coligação de Maguito (MDB) que reproduzia o áudio em que o também candidato a prefeito Vanderlan Cardoso (PSD) defendia o “senador da cueca”.

No áudio, Vanderlan diz que o senador Chico Rodrigues (DEM) – o parlamentar flagrado pela polícia com dinheiro na cueca – não podia ser alvo da “interferência” do Supremo Tribunal Federal (STF). “Não podemos aceitar essa interferência, decisão absurda de um ministro do Supremo, que tomou decisão autoritária.” Referia-se à decisão do ministro Luís Roberto Barroso para afastá-lo do cargo por 90 dias.

O MDB de Goiânia diz que recebeu a decisão com surpresa, uma vez que a juíza proíbe a utilização de um áudio público, que e não passou por qualquer tipo de alteração – como alegou Vanderlan. O advogado Colemar Moura, que representa a coligação de Maguito, disse que “um dos direitos básicos de toda a propaganda eleitoral é informar a população sobre fatos e opiniões inerentes àqueles que estão na posição de candidatos”.

Ainda de acordo com Colemar, a “coligação representada nada mais fez do que divulgar algo que foi produzido pelo próprio candidato adversário com a sua própria voz, o que nada tem relação com qualquer tipo de montagem ou de uso de meios publicitários capazes de induzir o eleitorado a algo que não seja puramente a verdade do que foi dito”.

A juíza entendeu o seguinte: “Como a propaganda eleitoral irregular realmente influi na formação da opinião pública do eleitorado, e como o tempo de veiculação é deveras restrito, eventual ilegalidade compromete a isonomia e a lisura do pleito.” No caso de descumprimento, está prevista a multa de R$ 5 mil por período de 24 horas.

Caso

O áudio que aparece no programa eleitoral foi exposto pelo Mais Goiás em 16 de outubro. Nele, Vanderlan defende o senador Chico Rodrigues (DEM) – o parlamentar flagrado pela polícia com dinheiro na cueca – contra a interferência do Supremo Tribunal Federal (STF). “Não podemos aceitar essa interferência, decisão absurda de um ministro do Supremo, que tomou decisão autoritária.”

À época, a assessoria do candidato disse que ele não defende “o senador do dinheiro na cueca”, mas a instituição Senado, que tem a competência de afastar ou não um congressista.

“A decisão monocrática do ministro do STF fere a instituição e as garantias constitucionais. Apenas uma decisão plenária, como prevê a nossa Constituição, pode afastar um parlamentar. Qualquer conduta irregular do senador Chico Rodrigues deve ser analisada pelo Conselho de Ética da Casa e, se comprovada dentro do processo legal, devidamente punida”, informou em nota, naquele momento.

Justificativa

Já na quinta-feira, Vanderlan publicou um novo vídeo em que assume a veracidade da gravação. “Cheguei tarde em casa, peguei o celular e vi uma discussão no grupo dos senadores. Tentei falar uma coisa que não causasse constrangimento dentro do grupo. Acabei sendo extremamente infeliz no que disse. Não vou justificar o que falei. Falei bobagem.”

Segundo ele, quando terminou o áudio, percebeu que tinha dito algo que não condizia com sua ideia e deletou a gravação. Contudo, alguém já tinha encaminhado o áudio. “Já tinha se preparado para fazer uso político de uma fala infeliz minha.”

No fim, Vanderlan disse que reviraram sua vida e só acharam uma fala infeliz. “Então, avalie nossas propostas e me perdoe por dito aquilo da forma errada.”