Mesmo com articulação de Bolsonaro, Delegado Waldir se mantém líder do PSL na Câmara
"Somos 98% fiéis ao governo. Vamos continuar votando com o governo", declarou o deputado goiano em coletiva
Após ser removido da liderança do PSL na Câmara, na quarta-feira (16), e substituído por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Delegado Waldir (PSL) foi validado pela mesa da Casa de Leis federal, nesta quinta-feira (17), e permanece no cargo. Isto porque as listas para a troca, apresentadas na segunda-feira (14) pelo filho do presidente, tinham 27 assinaturas (sendo 26 confirmadas) e depois 24. As assinaturas a favor da permanência do goiano somaram 29.
Delegado Waldir declarou, em coletiva, que não haverá retaliações aos contrários. Segundo ele, “somos 98% fiéis ao governo. Vamos continuar votando com o governo”. E ainda: “Nenhum parlamentar está traindo o presidente [sobre a disseminação de notícias falsas].”
O goiano também lembrou que, em fevereiro do próximo ano, haverá uma nova eleição para liderança do partido. O Mais Goiás tentou contato com o parlamentar, mas não obteve retorno.
Desgaste
Na última quarta, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi gravado enquanto pedia apoio a deputados da legenda para substituir o delegado Waldir, conforme revelou a revista Época. “Estamos com 26, falta uma assinatura para a gente tirar o líder e colocar o outro. A gente acerta. Entrando o outro agora, dezembro tem eleições para o futuro líder. A maneira como tá: que poder tem na mão, atualmente, o presidente, o líder aí? O poder de indicar pessoas, de arranjar cargos no partido, promessa para fundo eleitoral por ocasião das eleições, é isso que os caras têm. Mas você sabe que o humor desses caras de uma hora para a outra muda”, afirmou o gestor federal.
“Numa boa, porque é uma medida legal… Eu nunca fui favorável à lista não, sou favorável a eleição direta. Mas no momento você não tem outra alternativa, só tem a lista”, continuou.
De saída?
Vale lembrar que chegou a ser revelado pela revista Veja que Bolsonaro estaria de saída do PSL, após a revelação de uma gravação em que pedia a um apoiador que esquecesse o partido e que dizia que o presidente da legenda, Luciano Bivar, “está queimado pra caramba”. À época, Bivar disse em entrevista à Andreia Sadi: “A fala dele [Bolsonaro] foi terminal, ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido.”
Porém, conforme a reportagem da Época, é possível que o presidente Bolsonaro esteja mais interessado em controlar o partido do que deixá-lo.
Delegado Waldir
Naquele momento, o deputado Delegado Waldir saiu em defesa do presidente da sigla. “Como você fala do quintal alheio se o seu quintal está sujo? As candidaturas em Minas Gerais e Pernambuco estão sendo investigadas. Mas o filho do presidente também.”
E mais: “Bolsonaro não está algemado no PSL, não. Aqui não tem ninguém amarrado. Candidatos majoritários, como o presidente, governadores e senadores, têm liberdade para trocar de partido quando quiserem.”
Na terça-feira (15) o deputado Delegado Waldir orientou a obstrução de votação de uma medida provisória (MP 886/19) para realizar uma reforma administrativa na Secretaria de Governo e na Casa Civil, o que foi acompanhado por siglas da oposição como PT, PSOL, PSB e PCdoB. Este posicionamento também teria sido fator de desagrado interno, já nesta quinta-feira é a data final para sua votação.
Mas apesar dos desencontros recentes, Waldir é companheiro de longa data de Bolsonaro. Inclusive, no começo de 2017, quando o então deputado quis ser presidente da Câmara, dos quatro votos que ele teve, um foi do parlamentar goiano.