CAOS ACEITO

Mesmo no pior momento da pandemia, governo vê Pazuello ‘firme como uma rocha’

Mesmo com o recorde de mortes na pandemia, escassez de vacinas em capitais e sob…

Mesmo com o recorde de mortes na pandemia, escassez de vacinas em capitais e sob risco de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), Eduardo Pazuello está “firme como uma rocha” no cargo de ministro da Saúde. Foi o que disseram reservadamente à reportagem interlocutores diretos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

No Palácio do Planalto, a avaliação é de que o presidente tem boa relação com Pazuello e não há discussões sobre a troca do ministro. Além disso, Bolsonaro tem resistido a pressões para substituir o ministro há algum tempo, e sempre que pode salienta que Pazuello é um homem de sua confiança.

O país acumula 243 mil mortes causadas pela pandemia e 9,9 milhões de infectados. O consórcio de veículos de imprensa, indicou que a média móvel de óbitos foi 1.105 casos, no domingo (14), o maior registro da pandemia. Esta conta é a soma do resultado dos últimos sete dias dividida por sete.

Nos primeiros 48 dias deste ano, Pazuello vê o aumento de contaminações e o colapso sanitário e aumento de mortes no Amazonas e Pará, além de pedidos de ajuda para transferência de pacientes, em Minas Gerais.

Mas o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), defende que o ministro retomou o contato direto com governadores e prefeitos. Ele argumenta que a pandemia é o principal assunto do país e por isso Pazuello é alvo das críticas.

“Temos que considerar o fato de ele estar permanentemente atendendo a pedidos, fez reunião com governadores, vai receber perfeitos. Isso indica que há esforço pela estabilização. Para crise, que é mundial, não ficar mais aguda no Brasil”, disse Gomes.

Sobre a condução de Pazuello frente à falta de oxigênio no Amazonas, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski autorizou uma investigação solicitada pela PGR (Procuradoria-Geral da República). Neste caso, Pazuello prestou depoimento à Polícia Federal para detalhar ações do ministério.

No Senado, há assinaturas suficientes para instalação de uma CPI. A decisão está nas mãos do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), eleito para o cargo com apoio do presidente Bolsonaro. O governo articula para barrar a CPI sob a justificativa de que uma nova investigação traria mais prejuízos ao combate da pandemia.

Sem vacinas

Na ponta da linha do SUS (Sistema Único de Saúde), prefeitos reclamam da falta de vacinas e cobram atuação do ministério. A CNM (Confederação Nacional dos Municípios), que representa municípios médios e pequenos, cobrou a demissão do ministro.

[É] urgente e inevitável a troca de comando da pasta para o bem dos brasileiros

Confederação Nacional dos Municípios

Já a FNP (Frente Nacional dos Prefeitos), que representa capitais e cidades com mais de 100 mil habitantes, considerou “inadmissível” a paralisação na vacinação, mas entende que a troca de Pazuello não é a solução ideal.

“O governo Bolsonaro teve três ministros da Saúde, cada um de um perfil diferente e as coisas não avançaram. Temos que responder as seguintes perguntas: por que trocar? Quem vai pôr no lugar? O que vai mudar? Essas perguntas que têm que ser respondidas. A gente não pediu a cabeça do Pazuello, queremos que as coisas funcionem”, disse o presidente da entidade, Jonas Donizette (PSB).

“Neste caso da vacina, o próprio presidente é que complicou as coisas, porque desautorizou Pazuello quando tinha avançado em negociações com o Butantan, em outubro”, diz Jonas Donizette, presidente da FNP

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena o tema no Fórum dos Governadores, cobrou que o governo federal ajude na manutenção de leitos do SUS.

Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), avaliou que erros acontecem em todas as gestões, mas a troca do ministro não é a solução e sim a entrega de vacinas.

“Estamos dentro de um avião com turbulência, querer mudar o piloto dentro deste contexto não é adequado. Talvez o governo federal tenha falhado na questão tempo, na questão quantidade de vacinas que optou por adquirir, mas o que temos que fazer é conduzir a situação que está ao nosso alcance da melhor forma possível”, disse Zema.