Minha reeleição na Câmara não depende da reeleição de Bolsonaro, diz Lira
Presidente da Câmara defende coibir 'excessos' do Judiciário e critica candidaturas de ex-integrantes da Lava Jato
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirma em entrevista à Folha que seu plano de reeleição ao comando da Casa não depende da vitória de Jair Bolsonaro nas urnas em 2022.
“A vida do presidente Bolsonaro é uma. A minha vida é outra”, diz, rejeitando a tese de que a manutenção de sua aliança com o Planalto possa prejudicar seu projeto político.
Segundo o deputado, a filiação de Bolsonaro ao PL, de Valdemar Costa Neto, está definida e há possibilidade de o candidato a vice da chapa ser do PP.
Lira avalia que a decisão da ministra Rosa Weber, do STF, de suspender a execução das emendas de relator “não é normal”. Contrariando inúmeros relatos de bastidores feitos por parlamentares, ele nega que os recursos sejam usados como moeda de troca para aprovação de temas na Casa.
O deputado ainda defende que sejam estabelecidos limites e coibidos os excessos na atuação do Judiciário.
Alvo de inquéritos e denúncias do Ministério Público, ele critica candidatos oriundos da área jurídica, mas diz que é cedo para projetar 2022. “O objetivo da Lava Jato era combater a corrupção ou usar a operação como trampolim político?”, questiona, ao se referir à pré-candidatura de Sergio Moro.
A PEC dos Precatórios freou porque senadores não querem a proposta da Câmara. Qual a solução para ela avançar?
AL: Não tenho entendimento de que o Senado não quer o texto da Câmara, até porque o desenho da PEC foi feito na casa de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) [presidente do Senado]. Pelas conversas, podem ter algumas alterações que não impedirão a promulgação do texto comum. Uma delas é para tornar o auxílio permanente daqui para frente. Tem uma proposta de se criar uma comissão permanente de administração ou investigação de precatórios. Tem que haver para ficar transparente para a população como são feitos os cálculos.
Agora, se vai estourar o teto, vai tirar do teto, vai mexer profundamente no sentido básico da PEC, é o mesmo que enterrar e causar um problema orçamentário pior para o ano de 2022 com todos os aspectos negativos que isso possa ter.
Não há obstáculo com esses dois pontos na Câmara?
AL: Em hipótese alguma. Sempre defendi o programa permanente. O fato de não termos o programa permanente é pela falta de disposição do relator do Senado do [projeto de lei do] Imposto de Renda.
O sr. citou que foi na casa do Rodrigo Pacheco. Essa não é a primeira vez que algo é aprovado na Câmara e trava no Senado. O que falta de sintonia entre vocês?
AL: Não é falta de sintonia. É um sistema bicameral. Nós votamos inúmeras matérias que não andaram no Senado, como o Senado votou algumas que estão na Câmara com dificuldade de tramitação.
O sr. vê Rodrigo Pacheco como alguém que cumpre acordos?
AL: Nós tínhamos um acordo com relação ao Imposto de Renda que até hoje não foi honrado. Tínhamos até 15 de outubro para que o Senado apreciasse essa matéria e nós votássemos o Refis, numa troca de figurinha. Eu vou votar o Refis, eu geralmente cumpro os meus acordos…